A história como ela foi

Por José Antonio Vieira da Cunha

Coletiva.net completou 25 anos de uma incrível trajetória. De uma simples folha de fax é hoje portal, canal de YouTube, emissora de rádio, revista.

Testemunha e personagem desta história, vou contar como tudo começou.

Em novembro de 1998, os três profissionais que fundariam a empresa Coletiva Comunicação atuavam no governo do Estado. José Luiz Fuscaldo era diretor de Publicidade, Luiz Fernando Moraes era diretor de Comunicação e eu presidia a TVE. Durante os quatro anos da gestão Antônio Britto, trabalhamos com uma sintonia exemplar, o que fortaleceu laços de amizade e confiança, e quando o governador perdeu a reeleição que era considerada certa, começamos a discutir sobre nosso futuro. Depois de incontáveis rodadas de café convergimos na ideia de constituirmos uma empresa dedicada a produzir trabalhos de assessoria de imprensa e projetos e consultoria de comunicação.

Assim, em 4 de janeiro de 2000 estava criada a Coletiva Comunicação, já carregando sua primeira dificuldade. Se seus fundadores traziam um ótimo relacionamento com o mercado, a empresa era absolutamente desconhecida, como não poderia deixar de ser. Daí surgiu, três meses depois, o produto denominado Guia da Imprensa e da Propaganda, uma espécie de informativo concebido não só para divulgar a Coletiva, mas também trazer novidades sobre o mercado. Era uma folha de fax, uma novidade tecnológica surgida no final do século 20 e que servia como um eficiente meio de divulgar documentos e imagens.

Lembro bem, fizemos um mailing que tinha 35 endereços eletrônicos de diretores e redatores de veículos de comunicação e de diretores das cinco ou seis principais agências. Era apenas uma folha de fax, enviada às quintas-feiras. A facilidade que nós três, jornalistas de origem, tínhamos para captar informações, contribuiu para que o Guia fosse crescendo e se tornando um sucesso que, sinceramente, nos surpreendeu. O número de folhas foi crescendo e em certo momento chegou a ter oito páginas com notícias. Então o fax tornou-se um problemão, pois também o mailing havia crescido, para algo em torno de 200 profissionais, e enviar oito páginas de fax para cada um deles exigia tempo, muito tempo. O convencimento final sobre a inadequação daquele processo de envio veio quando um burocrata da redação do jornal Zero Hora nos procurou para dizer que receber nosso Guia havia se tornado um transtorno, ao ocupar simultaneamente mais de cinco máquinas, inviabilizando durante cerca de meia hora o recebimento de mensagens das agências de notícias. De ZH o mailing tinha cerca de 30 nomes, crescimento motivado pelos próprios jornalistas, que pediam para ser incluídos no mailing.

Provavelmente você, que me lê, não tinha um endereço eletrônico em novembro de 2000, e, caso positivo, com absoluta certeza pode-se afirmar que não recebia mais de 10 mensagens por semana. Não por hora, nem por dia, mas por semana! Mesmo assim, migrar para aquele moderno ambiente digital nos pareceu a decisão a tomar, embora fosse na época um meio pouco conhecido, tanto que talvez você nem soubesse de sua existência. E para ter uma identificação direta na web, decidimos abandonar a denominação Guia da Imprensa e da Propaganda, adotando o nome da empresa como referência.

Graças à credibilidade e à diversidade das notícias e colunas veiculadas, Coletiva.net logo passou a ser leitura obrigatória para profissionais e empresas da área de comunicação. Atrás dela tinha uma solidez apresentada pela Coletiva Comunicação, que também via seu prestígio crescer. Coletiva.net, porém, não conseguia ter sucesso comercial, visto que a internet ainda era vista com dúvidas e desconfianças. Ao mesmo tempo, a empresa Coletiva vivia uma situação paradoxal: produzia projetos de comunicação que, entregues para os clientes, rendiam mais resultados econômicos para agências de propaganda, que respondiam pela execução da parte de publicidade, em especial o bom resultado que as estratégias de mídia garantiam.

A situação preocupava e motivava longas conversas entre Fuscaldo, LF e eu. Mal comparando, nos demos conta de que o trabalho, se comparado a um pedaço de carne, significava que estávamos entregando o filé para a agência enquanto ficávamos com o osso? Foi quando decidimos criar outra empresa, a Pública Comunicação, essa destinada a tratar exclusivamente dos negócios da propaganda. Foi em 2004, prosperou e mais tarde, para tentar fugir do estigma de que se tratava de uma empresa voltada para à área pública (argumento, aliás, usado indecentemente por alguns concorrentes na tentativa de alijar a agência em disputas por contas privadas), alteramos o nome para Moove Comunicação.

Mas esta é outra história. A que nos interessa aqui é a da Coletiva.net, que é longa por seus 25 anos e exige mais espaço, o que vou contemplar na semana que vem.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem quatro netos. E-mail para contato: [email protected]

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