Nauseante, claustrofóbico, necessário e impecável

Por Marina Mentz

Fico em dúvida em dizer que todos deveriam assistir "Zona de Interesse" ou que é preciso estar bem preparado para vê-lo. Penso que é um pouco de cada, mas prioritariamente a primeira instrução é mais válida. Esse é um filme que explora as profundezas imorais de um campo de concentração nazista durante a Segunda Guerra Mundial, mas do ponto de vista da vizinhança. Diferente do que costumamos ver no cinema, ali não se mostram imagens visuais dos sofrimentos desumanos daquele momento da história, porém, eles estão presentes. Dirigido por Jonathan Glazer e lançado em 2024, a produção ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional.

Inspirado no romance homônimo de Martin Amis, o filme retrata o cotidiano comum de um comandante com bastante poder naquele momento histórico e contexto da Alemanha Nazista. Rudolf Höss e sua esposa Hedwig, seus filhos, os judeus escravizados e tudo que pudesse envolver o cotidiano ali. Não vemos imagens explícitas do que acontece dentro do campo, porém ouvimos o tempo todo. O recurso de não utilizar quase nenhuma trilha sonora, gera o incômodo pretendido quando na cena vemos a família almoçando no jardim e, ao fundo, gritos, tiros e a fumaça subindo pelas chaminés em Auschwitz.

O filme é incômodo, nauseante, claustrofóbico, necessário e impecável. 

Autor
Marina Mentz é jornalista, doutora e pesquisadora das infâncias brasileiras. Cofundadora da Bisque Laboratório Criativo, tem experiência na área de Comunicação, com passagens por agências e redações de jornal impresso, televisão, rádio e digital. Há 12 anos, pesquisa a presença das violências contra infâncias na mídia. E-mail para contato: [email protected]

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