SET abre com retratos de um Brasil em evolução

Celso Athayde, Eduardo Lyra e Renato Meirelles compartilharam experiências na palestra de abertura do evento

'Que Brasil é esse que construímos?' não é uma pergunta, mas uma afirmação, ressaltou o organizador do 27° SET Universitário, professor Fábian Chellkanoff. O evento, promovido pela Famecos, foi inaugurado oficialmente na noite desta segunda-feira, 22. No palco, estiveram Eduardo Lyra, jornalista, empreendedor social, escritor e fundador do projeto Gerando Falcões; Celso Athayde, fundador da Central Única de Favelas (Cufa), além de autor de três best sellers, entre eles, 'Falcão, Meninos do Tráfico'; e Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular.
Com fala em ritmo frenético, disparando lições de vida, Lyra foi o primeiro a discursar. Para o jornalista, acostumado a falar para jovens que não têm as oportunidades necessárias para construir um futuro melhor, o seu primeiro aprendizado foi que não é possível escolher onde você vai nascer, nem se será negro ou branco, gordo ou magro. "Não importa de onde você vem, mas para onde você vai", afirmou. Lyra contou que se tornou alguém que a sociedade não imaginava que ele poderia ser e defendeu o que importa é a força que cada um tem dentro de si.
O Brasil emergente foi o tema do discurso de Renato Meirelles, presidente do Data Popular, que demonstrou com números como a classe média brasileira está mudando para melhor. Segundo os dados, essa parcela da população é 89% mais rica que a média mundial; 76% dos moradores de favelas afirmam que a vida está mudando positivamente; e 94% dos moradores de comunidades são felizes. Usando de humor e ironia, Meirelles fez críticas à elite brasileira que, de acordo com pesquisas, não se reconhece como tal. O preconceito com pessoas que vivem em favelas também foi abordado pelo palestrante. "Em redação jornalística, a notícia boa é chamada comunidade. E a ruim é favela", condenou.
Athayde encerrou a primeira palestra mostrando o seu trabalho na Cufa. Falou da infância difícil no Rio de Janeiro, dos pais alcóolatras, das brigas constantes em casa e do período em que, com a mãe e os irmãos, morou em um viaduto. Foram seis anos passando fome e vivendo de pequenos furtos, mas, assim como Lyra, conseguiu inverter a lógica e ascender na vida. Hoje, desenvolve projetos sociais que ajudam os moradores das favelas. "O modelo social adequado não é aquele que todos são ricos, mas que todos têm oportunidades", analisou. O projeto está presente em 27 estados e 17 países, além de auxiliar 240 favelas no Rio de Janeiro. Um dos empreendimentos apresentados foi o Holding Favela, um conjunto de empresas que busca o desenvolvimento da comunidade e seus moradores.
Na mesma noite, ocorreu também o lançamento do livro 'Um País Chamado Favela', de Meirelles e Athayde.
(Por Rafael Timm, da Famecos, especial para Coletiva.net)
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