Aluna surda de Publicidade defende TCC feito em Libras

Annanda Ayres é formanda do Centro Universitário Metodista IPA

Portadora de surdez, Annanda defende seu TCC em Libras - Divulgação

Para se formar em Publicidade e Propaganda no Centro Universitário Metodista IPA, Annanda Ayres, 29 anos, teve que elaborar o tradicional Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Com profunda deficiência auditiva desde que nasceu, ela foi a primeira aluna na história da instituição a apresentar uma monografia na Língua Brasileira dos Sinais (Libras). Para atender às necessidades de sua orientanda, a professora Valéria Deluca propôs que a aluna apresentasse o trabalho por vídeo, respeitando assim a primeira língua da acadêmica. "Falar em inclusão parece algo simples. Mas, não é. Na prática, temos que rever todos os nossos conceitos e aceitar a diferença como uma coisa inerente ao ser humano", analisa a jornalista.

Annanda entrou na faculdade em 2012 e a tão esperada formatura está marcada para 4 de agosto de 2018, quando cumprirá a responsabilidade de ser juramentista - acompanhada por uma intérprete. Quando se matriculou na disciplina final, a estudante não escondeu o medo: "Senti um pouco de pressão e toda essa questão da dificuldade para o projeto", gesticula a estudante. Intérprete de Línguas que tantas vezes acompanhou Annanda, Fernanda Romero comenta que é normal que toda a pessoa com deficiência auditiva possua dificuldades com o português. "A nossa ética não permite que a gente mexa no trabalho dela. O nosso papel como intérprete é ajudar a estrutura e o texto que ela fez ou corrigir alguma palavra", relata.

Valéria ainda comenta que a relação dela com a aluna foi muito além de apenas uma orientação. "Tenho certeza que a Annanda rompeu todos os seus limites. Eu também. Precisei me colocar no lugar dela, pensar como ela, me expressar como ela. Cresci em um ano, durante este projeto, mais do que posso imaginar. O resultado é um trabalho emocionante", garante a professora.

Annanda acredita que esse trabalho seja relevante para a sociedade surda, pois vai motivar que o surdo é capaz de fazer qualquer coisa. "Eu estou me sentindo como se fosse um modelo para os surdos, para que continuem estudando e não fiquem apenas com a formação do ensino médio", enaltece a acadêmica. Ela reforça ainda que, com essa atitude, é possível que o IPA também influencie outras universidades a fazerem o mesmo, respeitando assim a modalidade de língua do surdo.

O trabalho de Annanda pode ser conferidao aqui.

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