Cinco perguntas para Adriana Kurtz

Jornalista coordenou Ciclo de Humanidades e Diversidade, que buscou incentivar a reflexão dos alunos sobre minorias e gênero

Adriana - Divulgação/Espm-Sul

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Nasci em Santa Maria e nos anos 1980 passei a viver em Porto Alegre, onde fiz minha graduação em Jornalismo. Depois de sete anos no mercado, voltei à universidade e me dediquei a construir uma carreira acadêmica, fazendo meu mestrado e doutorado em Comunicação na Ufrgs. Fui contratada pela ESPM-Sul em 2000, praticamente junto com o nascimento do curso de Publicidade e Propaganda e, desde então, tenho minha trajetória docente ligada a esta instituição. Com a criação do curso de Jornalismo, em 2011, o ciclo de minha formação e atuação ficou completo.

  1. Como se deu a escolha pelo Jornalismo?

Como toda a adolescente, tive dúvidas entre cursar Letras, Jornalismo, História e, até, Psicologia. Isso já denotava meu interesse pela escrita e pela leitura e, de forma mais ampla, pelo pensamento crítico. Mas o Jornalismo tinha um charme adicional: a ideia do texto como um instrumento de ação sobre o mundo, de mudança, de denúncia daquilo que é injusto ou digno de ser transformado, aprimorado. E foi esse idealismo que pesou na escolha final.

  1. Qual a importância de iniciativas, como a do Ciclo de Humanidades e Diversidade da ESPM-Sul, na construção dos futuros profissionais?

Entendemos que iniciativas como o Ciclo de Humanidades e Diversidade são vitais para oportunizar um espaço de conhecimento, mas, sobretudo, de diálogo e reflexão, marcados por um viés acadêmico capaz de transcender o senso comum e a atual radicalização em voga. Este é um compromisso da ESPM e nós estamos muito felizes em entregar esse evento não apenas para nossos alunos, mas para a comunidade em geral.

A área de Humanas é fundamental na formação de qualquer cidadão e profissional. Como nos ensinou Hannah Arendt, a incapacidade de pensar é um atalho para a barbárie. Os futuros profissionais devem ser capazes de refletir criticamente, a partir de conceitos e teorias, acerca das dimensões sociológicas, éticas, antropológicas, culturais, políticas (no sentido amplo do termo) e históricas do ser humano e de sua vida em sociedade.

Isso certamente constitui um antídoto contra qualquer possível retrocesso. Por outro lado, profissionais incapazes de abraçar a diversidade e atentar para as questões de direitos humanos não darão conta de suas tarefas e dos desafios colocados na atualidade.

  1. O que todo jornalista precisa saber para ingressar no mercado de trabalho?

Que ele tem um compromisso público, uma função social relevante e que vai muito além da ideia - certamente pertinente e legítima - de uma carreira de sucesso ou reconhecimento pessoal. E que essa trajetória não é feita necessariamente de glórias, mas sim, de pequenas e diárias lutas, negociações e conquistas. Ainda que adotemos a fórmula (certamente problemática) da objetividade e imparcialidade na busca por um relato mais próximo da realidade, o Jornalismo tem poder e como se costuma dizer, tem um lado.

Creio que, para além dos importantes conhecimentos tecnológicos e saberes de narração, o jornalista que vai ingressar no mercado de trabalho deve saber de que lado vai querer estar. Numa atividade formadora de opinião pública, a resposta ideal me parece clara e aponta na direção do bem público, de uma sociedade mais justa e melhor para todos nós.

  1. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Minha profissão é um privilégio. Quero continuar dando aulas, pesquisando, orientando os trabalhos de conclusão de meus alunos, participando de congressos e seminários, escrevendo textos, publicando em revistas científicas, participando de debates, ensinando e aprendendo. E de forma pontual, daqui a cinco anos quero estar organizando e mediando mais um Ciclo de Humanidades e Diversidade na ESPM-Sul.

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