Cinco perguntas para Ticiano Paludo

Publicitário reuniu pesquisas da tese de doutorado em livro, lançado no início de setembro

  1. Quem é você, de onde vem e o que faz?

Sou compositor, produtor musical, remixer, pesquisador e professor universitário. Formado em Publicidade e Propaganda (PP), possuo mestrado e doutorado em Comunicação Social pela Famecos. Nos últimos 10 anos, pesquiso e leciono, na PUC e na Faccat, disciplinas relacionadas à produção musical e artística, branding, teorias da comunicação, semiótica, e promoção e ativação de marcas. Comecei a trabalhar com música e propaganda no final dos anos 1980. De lá para cá, recebi uma série de prêmios pelo meu trabalho como compositor e remixer, e produzi áudio para clientes como Iguatemi, ADVB, All, Converse e Souza Cruz.

  1. Por que se tornou publicitário?

Na verdade, era guitarrista da Titânio, banda de heavy metal importante na história do rock da década de 1990 em Porto Alegre, e queria cursar Música, mas o único curso que existia na época era um de música erudita da Ufrgs. Acabei fazendo três anos de Engenharia Eletrônica na PUC, pois queria construir amplificadores e pedais de guitarra. Porém, vi que também não era o que eu queria.

Graças a uma amiga, conheci a Famecos e consegui me transferir para a graduação em PP. Logo no primeiro semestre, apaixonei-me por disciplinas como Semiótica e Teorias da Comunicação. Trabalhei na extinta rádio Ipanema FM e em agências pequenas e grandes nas funções de atendimento publicitário, produtor de spots, trilhas e jingles e na área de Criação em âmbito geral. Também produzi faixas em parceria com Jupiter Maçã e Arrigo Barnabé.

  1. Qual a importância de ter sua tese de doutorado lançada em forma de livro?

É o resultado de uma pesquisa de quatro anos acadêmicos e de uma vida ligada ao som e a música. Quero que muitas pessoas tenham acesso, e um livro distribuído nacionalmente ajuda nesse sentido. Nele, estabeleço relações entre a música, o som, o teatro, a literatura, o mito, as tragédias gregas, a sociedade do espetáculo, as celebridades contemporâneas e os videoclipes.

  1. Como docente, o que acredita que todo profissional de Publicidade e Propaganda precisa saber?

Tudo (risos). Acho que o que falta no mercado, mesmo, é repertório cultural, empatia e uma boa dose de antropologia. Vivemos uma era de transformação, na qual linhas de forças antagônicas tencionam o viver: temos o extremo conservador travando um embate com o extremo libertário; temos redes digitais que tanto constroem como destroem.

O publicitário dos anos 2010 precisa ser polivalente, estudar muito e ser socialmente responsável. As pessoas procuram marcas transparentes nas quais a atitude de marca e o discurso desta estejam sintonizados. Todos estão fartos de falácias. Ter qualidade é o mínimo para ser bem-sucedido. As marcas que não conseguirem se alinhar com os anseios de uma sociedade ansiosa, desgastada e descrente simplesmente desaparecerão.

Quem continuar a viver na cultura do ou em vez da cultura do e vai sucumbir. Procuramos marcas que façam a diferença no mundo e não só que vendam produtos e serviços. Cabe ao publicitário equilibrar esses conceitos e afetos.

  1. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?

Em primeiro lugar, espero estar vivo (risos). Pretendo escrever outro livro ligado à Publicidade e ao som, continuar estudando sempre e transformar as pessoas a partir da educação, onde quer que eu esteja lecionando. Não posso resolver o mundo todo, mas posso incentivar os meus pares e meus alunos a construírem uma vida mais justa e humana. Se sobrar tempo, pretendo retomar minha carreira de compositor, que ficou em stand by por causa da minha atuação docente e de pesquisa. Já é mais do que suficiente para uma vida feliz e produtiva.

Comentários