A sua comunicação gera conexão ou exclusão?

Por Fátima Torri, para Coletiva.net

Recentemente, assistindo ao impactante TED de Brene Brown sobre o Poder da Vulnerabilidade, me fiz essa pergunta: "O meu trabalho enquanto comunicadora gera conexão ou exclusão?"

Em tempos de sociedade do consumo e excesso de informação, todo mundo que trabalha com marcas deveria se perguntar isso.

Mas o que é conexão?

Para a Brene, a conexão é um dos fatores que leva à felicidade, ao lado da coragem de se demonstrar imperfeito e da compaixão por si e pelo outro. E, na origem destes três sentimentos, está a vulnerabilidade.

O ato de conectar é a razão de estarmos aqui, como humanos, nos relacionando e vivendo em sociedade. E a habilidade de nos sentirmos conectados é da natureza humana.

Do outro lado está a desconexão, que gera exclusão. E sabe o que gera desconexão? O medo e a vergonha.

O medo de errar e a vergonha de estarmos errados nos leva a desconectar. A reduzir as interações sociais. A nem tentar alguma coisa.

E é aqui que entra a comunicação.

Por esta perspectiva, a comunicação é o ato de dar alma à informação através da conexão.

Um fato, para virar notícia, precisa de conexão. Uma pessoa, para virar fonte, precisa de conexão.

São as conexões o que dão propósito e significado para as pessoas. Conectados pertencemos.

E se estamos envergonhados ou com medo, desconectamos.

A razão para sentirmos medo? É porque não queremos demonstrar nossa vulnerabilidade, então encontramos estratégias para anestesiar essas sensações. Jogamos no seguro. Elegemos as estratégias que já deram certo anteriormente, pensamos dentro do quadrado e assim anulamos a vulnerabilidade.

Mas não conseguimos deixar o lado ruim sem perder também o lado bom, que seria exatamente a surpresa e o poder criativo que o inesperado oferece.

Por isso, defendemos aqui um movimento na comunicação que deixe transparecer as vulnerabilidades. Porque, ora, não somos perfeitos.

Ser vulnerável é permitir-se ser visto. É estar exposto.

E o que não é o trabalho da comunicação que não é expor?

Comunicação não é controlar e prever coisas. Ninguém pode controlar e prever aquilo que depende dos outros. Portanto, desconfie de quem garante resultados e diz controlar o que sai ou não sai na imprensa.

Isso não é comunicar. Comunicar é lidar com o inesperado. É ser surpreendido.

Por isso, não gaste muita energia controlando coisas incontroláveis. Salve a sua energia para você mesmo. Para criar dentro de si. Para se surpreender com a sua própria imaginação.

Porque ser feliz é a jornada que precisa incluir a forma como comunicamos, como trabalhamos e como vivemos. A forma como lidamos com as nossas vidas diz muito de como lidamos com o nosso trabalho.

 Aqui todo mundo quer ser feliz. E vulnerável. Por uma comunicação com mais conexão.

 #inspirandoconexoes

 Fátima Torri é diretora da Fatto Comunicação.

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