Data-driven: com mais amor, por favor!

Por Ricardo Gomes, para Coletiva.net

Você que está aí cercado de dados, de muitos dados, de todos os dados. Já leu quantas vezes o dashboard hoje? 

Essa leitura constante é essencial, mas vai deixando os profissionais cada vez mais aflitos. Ansiosos por informações que os levem ao melhor resultado, que os façam criar uma nova onda de consumo. É como acordar toda manhã e estar vivendo numa prova de gincana, com tarefas quase hercúleas.

Todos procuram pelos dados que dirão como age, como pensa e como provavelmente vai se comportar o público-alvo. Porém, somente a sensibilidade fará nascer o diálogo com a pessoa do outro lado. Ainda que todos estejam agrupados de alguma forma, são indivíduos com memórias afetivas e desejos cada vez maiores de pertencimento e compreensão.

Fato é que (quase) todos irão postar suas fotos de alegria desmedida e satisfação garantida, para terem suas presenças notadas e admiradas nas redes sociais. E ali está a 'serra pelada' de onde o 'garimpeiro' vai extrair e interpretar as informações com o pretensioso entendimento que tem sobre elas.

Com o Analytics na mão, a jornada pode ser desenhada, se houver a expertise necessária, para antecipar o que esse indivíduo e a multidão de iguais a ele necessitam. Só que precisa de emoção para dar certo. Precisa entender que embora sejam "todos iguais, mas uns mais iguais que os outros",  cada um tem suas particularidades e anseios, ou seja, é a sua sensibilidade que fará o resultado acontecer.

O que isso nos ensina? Que a eficiência do seu levantamento de informações somada a compreensão do perfil e a perfeita definição da persona só fará sentido no omnichannel se este realmente for humanizado e o mais gentil possível. E nessa hora da verdade, a poesia que você ainda não leu ou a exposição que deixou passar podem fazer toda a diferença. Todos na sua complexidade agem como padrão, mas também querem a atenção diferenciada.

Então, antes de sair correndo com o mapa de calor atualizado, com BI aberto no tablet, para, da forma mais fria do mundo, dizer que aquele cidadão ali se comporta assim, pare e perceba a beleza do mundo a sua volta. Somente depois disso você vai poder desenhar a UX que realmente foi feita para que Marias, Joãos, Fernandos, Alines e tantos outros sejam verdadeiramente impactados. Afinal, o que os conectou não foram as ferramentas que dispomos, foram, sim, as emoções íntimas que os definem muito melhor que o exposto no tão sonhado perfil cool, que eles buscam demonstrar.

Mais dados, mas, principalmente: mais amor ao seu público-alvo, por favor!

Ricardo Gomes é publicitário.

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