Heróis do Interior

Por Gilberto Jasper, para Coletiva.net

A velocidade dos avanços tecnológicos impôs desafios inimagináveis. Inúmeras atividades profissionais sofreram transformações que nem todos souberam acompanham. Muitos sucumbiram, outros mudaram de ramo, aprenderam sobre este novo momento e adaptaram seus produtos, métodos e procedimentos.

Neste aspecto, os jornais - principalmente do Interior - passaram por mudanças drásticas que até hoje exigem reinvenção. Além de adaptar um modelo consagrado de fazer comunicação, os proprietários de veículos impressos acumulam, também, a função de acostumar o próprio público às novas linguagens.

Adicionar blogs, sites com recursos de tevê e outras plataformas ao negócio é um processo lento e oneroso que exige sensibilidade. É histórico que toda novidade esbarra em resistências. Afinal, altera experiências consagradas pelo tempo. Existe, sempre, o medo de que o conhecimento de uma vida toda se esvaia pelo ralo, não servindo para mais nada.

Nascido no Interior e colunista de cinco jornais em diversas regiões do Estado, sou privilegiado pelos empreendimentos exitosos conheço e que comprovam a competência de jornalistas e empresários empenhados em oferecer produtos com conteúdo, modernidade e permanente atualização. O sucesso não é fruto do acaso. É consequência de interesse, estudo, reflexo, planejamento e execução eficiente que evita perda de tempo e dinheiro.

Há muitos anos, acompanho algumas experiências de empresas jornalísticas. As transformações de periódicos trissemanais em diários foi um fenômeno que se transformou em dor de cabeça para muitos empreendedores. Um mercado que parecia promissor foi abatido pela crise que insiste em se manter, encolhendo orçamentos e despesas destinadas à divulgação.

Nós, que trabalhamos em comunicação, estamos acostumados a ver nossos projetos adiados, cancelados ou simplesmente ignorados sob o argumento das dificuldades. Fica a impressão de que qualquer pessoa faz divulgação, reforçada pelo advento do celular com o qual é possível elaborar textos, fazer fotos e produzir vídeos. A baixa qualidade pouco importa, afinal, os custos são reduzidos, fazendo com que um grande contingente seja multimídia, recebendo o que chamo de "unissalário".

Apesar dos percalços, os jornais impressos de nossos municípios resistem graças à insistência e modernização, mescladas com uma tradição consolidada entre os leitores.  Tenho imenso orgulho de ser forjado neste modelo e persistir, ao lado de homens, mulheres, jovens, estudantes e veteranos "canetinhas", jargão usado para os profissionais de veículos impressos.

Gilberto Jasper é jornalista.

Comentários