"Vamos mudar de assunto?"

Por Ivan Carneiro Gomes Os acidentes nas estradas federais do Brasil envolvendo caminhões de carga e automóveis neste segundo semestre de 2007 viraram calamidade …

Por Ivan Carneiro Gomes

Os acidentes nas estradas federais do Brasil envolvendo caminhões de carga e automóveis neste segundo semestre de 2007 viraram calamidade nacional, mas  parte da mídia televisiva prefere tratar o tema com surpreendente frieza ou apatia. O noticiário do Jornal Hoje da TV Globo desta segunda-feira, 15, contabilizou os prejuízos do último feriadão: 1.192 feridos e 92 mortes em apenas três dias. E depois nos assustamos com a Guerra do Iraque!


Enquanto cenas chocantes dos acidentes em diferentes rodovias eram mostradas, inclusive a explosão de um caminhão de gás em Minas Gerais, o texto noticioso corria solto como se estivessem nos informando sobre mais uma queda na Bolsa de Valores. Numa situação em que se esperava pelo menos a palavra de alguma "autoridade" ou um comentário técnico crítico da situação péssima da nossa infra-estrutura rodoviária, a informação terminou repentinamente com o apresentador perguntando à sua colega de banca: "Vamos mudar de assunto?". Em seguida, surgiu uma notícia mais amena sobre as novas oportunidades de trabalho no campo da alta tecnologia.


Quer dizer: uma notícia positiva para contrapor a péssima anterior. Trata-se de um comportamento que vem ganhando corpo em nossa sociedade, principalmente em algumas rodas sociais: fugir de temas sérios para falar apenas sobre banalidades da vida ou "abobrinhas", enquanto os problemas sérios que dizem respeito à nossa cidadania continuam sem solução e se avolumam de forma assustadora. Houve um tempo em que a prática do jornalismo levava à reflexão social e à ação das autoridades para a solução de um problema. Hoje caiu na normose geral e temos até a receita clássica quando um problema parece não ter solução: "Vamos mudar de assunto?"

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