Colaboração para superar a crise

Por Renato Buiatti Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que prevê queda de 1% no Produto Interno Brasileiro (PIB) e inflação em 7,8%, …

Por Renato Buiatti
Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que prevê queda de 1% no Produto Interno Brasileiro (PIB) e inflação em 7,8%, superando o teto da meta de 6,5%. O cenário de crise em 2015, que já afetou investimentos e provocou corte em postos de trabalho, pode ser superado com uma palavra em especial: colaboração. Em um momento desfavorável, criar o próprio negócio é arriscado e, ao mesmo tempo, representa alternativa, especialmente no ambiente digital, com interações e processos colaborativos cada vez mais difundidos.
O ambiente digital difere das empresas convencionais pela agilidade de processos e possibilidade de testar produtos e serviços em versões beta. Enquanto o modelo tradicional de negócios requer processos burocráticos e custos fixos elevados (locação de ponto e infraestrutura), nos negócios digitais é comum a criação de equipes que trabalham em projetos específicos (com prazo de início e encerramento), gerando motivação extra, reduzindo custos operacionais e, consequentemente, burocráticos.
Enquanto os modelos de negócio tradicionais contam com o que Chris Anderson (autor de livros como A Cauda Longa e Free) chama de pré-filtros (processos e agentes que definem a viabilidade de produtos e serviços), nos negócios digitais é possível mensurar o desempenho pela interação, monitoramento de comentários e menções em redes e ambientes projetados para o esse fim. E a interação vai além da observação de como as pessoas reagem: cria diálogo e incentiva processos colaborativos, com a participação de consumidores para a atualização de aplicativos, softwares ou mesmo produtos físicos.
Exemplos de empresas que nasceram no ambiente digital com ritmo de inovação frenético não faltam: Facebook, Google, Twitter, YouTube e Mozilla (para citar as grandes do mercado), além de grande número de startups que usam dados coletados no processo de análise de comportamento de usuários para desenvolver novas aplicações e criar desdobramentos de negócios.
Apesar das oportunidades surgidas com o universo dos negócios digitais, ele exige cuidados, sobretudo na mudança de pensamento e do entendimento de negócios. Ou seja, por mais que as questões econômicas sejam a mola propulsora, o modelo exige que produtos e serviços respondam a questionamentos diferentes: como o aplicativo vai facilitar a vida das pessoas? Como o serviço vai tornar suas vidas mais leves? O que se propõe vai fazer com que economizem tempo? Que problemas resolve?
O Waze, por exemplo, surgiu para reduzir o tempo perdido no trânsito, contando com a colaboração dos usuários. Já o aplicativo Duolingo auxilia o usuário a aprender novo idioma de forma lúdica, jogando no celular. E o melhor: as empresas patrocinadoras do aplicativo - fazendo com que continue gratuito - recebem conteúdo traduzido, conforme sua demanda.
O ambiente digital também permite que ideias aparentemente despretensiosas, como o aplicativo para a dublagem de frases e músicas Dubsmash, viralizem em curto espaço de tempo. Por quê? Porque o meio digital permite a criação e o lançamento de produtos e plataformas antes mesmo que se tenha modelo de monetização definido.
Mais importante: os negócios digitais vão ao encontro das características das gerações de "millenials". São pessoas que criam negócios por motivações pessoais, apresentam relação praticamente orgânica com a tecnologia (como extensão de seus corpos) e optam por empreender a se encaixar no mercado de trabalho tradicional. Ao mesmo tempo, essas pessoas serão os consumidores do futuro. A pergunta que deve ser feita é: o seu negócio está preparado para eles?
Renato Buiatti é coordenador da pós-graduação em Negócios Digitais da Universidade Positivo.
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