Sugestão de pauta: Eu não quero mais ser assessora de imprensa!

Ayla Meireles Muito tem se discutido sobre a função do assessor de imprensa, a verdade é que eu acho que ao longo dos anos …

Ayla Meireles
Muito tem se discutido sobre a função do assessor de imprensa, a verdade é que eu acho que ao longo dos anos o segmento evoluiu tanto, ao passo que o jornalismo retrocedeu, que a terminologia que define a função ficou obsoleta.
O termo "assessor" não define mais o profissional que estabelece a estratégia de comunicação de uma marca, que sabe interpretar temas e transforma-los em notícia, para em seguida direciona-la dentro de um media map apurado e certeiro. Assessorar não é bem o que fazemos com a imprensa, que por vezes na falta de braços para escrever e apurar as notícias, "tomam emprestado" a credibilidade da agencia que possui a fonte e publica na íntegra o release que deveria ser apenas material de apoio, sem o menor credito ou referência.
Há quem prometa um serviço remoto que "substitui" o assessor de imprensa, que garante a publicação imediata em diversos veículos importantes, sem levar em conta nenhuma analise, nenhuma estratégia, apenas um texto que pode ser coerente com o veículo que o publica ou não.
Veja bem, se você entende por assessoria de imprensa a divulgação massiva de um release, sem analise, sem estratégia, sem métrica, praticamente seguindo a premissa do "contanto que falem de mim, onde for e como for, tá tudo bem", realmente este tipo de sistema substitui esse assessor de imprensa que nada mais é do que o fruto da imaginação superficial e tacanha de alguns.
O verdadeiro assessor de imprensa tem a capacidade e a flexibilidade de aliar o feeling de jornalista com o direcionamento estratégico, que vai fazer com que a sua marca tenha um espaço qualificado na imprensa, com temáticas que institucionalizem sua empresa, com desdobramentos que fomentem seus negócios e abram novos mercados e perspectivas. Sentiu a diferença? O texto é apenas uma das ferramentas do assessor de imprensa, assim como a publicação em 100 ou 1 veículo depende do objetivo que se tem com a divulgação deste texto.
Os objetivos vão desde vender mais, ter a marca reconhecida, até ser mais relevante nos mecanismos de busca, e para cada objetivo existe uma metodologia e um modus operandi.
É neste ponto que eu acho que a nomenclatura que expressa o segmento deveria mudar. Assessor, assessoria, são termos tão diminutos perto da grandiosidade da função, que eu, humildemente, acho que não traduz nem de longe o que as agências e os profissionais desenvolvem.
Os publicitários sabem colocar na ponta do slogan a importância que a função carrega, já o assessor de imprensa na grande maioria das vezes absorve a sua subserviente função de assessorar, mesmo que seja o mentor por trás do crescimento de uma empresa ou da formação de uma marca. O assessor de imprensa alimenta o ego da fonte que se acha essencial e nutre o ego do jornalista que se acha a voz fundamental da notícia, e se esquece no meio deste caminho de egos e status que se não fosse por ele não haveria fonte, não haveria o eco de uma voz que seria muda sem a informação que só ele carrega e que só ele sabe como transformar em notícia.
Basta! Eu não quero mais ser assessora de imprensa. Eu não quero mais acreditar que um sistema que distribui textos sem sentido concorre comigo. Eu não quero mais assessorar ninguém. Eu sou uma jornalista empresarial, eu faço branding de imprensa, eu não vou mais me sujeitar a ver minha função diminuída e cortada ao menor sinal de falta de budget.
Eu não assessoro, eu direciono, tanto as marcas quanto a imprensa. Eu não agendo entrevistas, eu viabilizo o contato entre jornalista e fonte e garanto que os objetivos combinados entre os veículos, o público alvo da informação e a empresa se encontrem em uma temática jornalística interessante. Eu não estou aqui pra ser cortada do budget de comunicação das empresas por ser entendida como um "acessório que assessora", eu estou aqui para ser um profissional estratégico, fundamental, necessário, eu estou aqui para ser ponte, para ser voz, para ser foco e para ser sucesso.
Ayla Meireles é jornalista, CEO na Agência AMB Com, assessora de imprensa e docente de Comunicação Empresarial

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