Sou mulher, sou Atendimento, "sou quem eu quiser ser"

Por Ariane Xarão, para Coletiva.net

Há algum tempo não escrevo mais que um parágrafo em primeira pessoa. Quem me conhece sabe quão metódica acabo sendo, porém, hoje, vai ser diferente. Para celebrar o mês da mulher e a felicidade que é ser dona dos próprios ideais, decido escrever este artigo em primeira pessoa como mais um ato de liberdade, afinal, a liberdade discursiva também me interessa.
No mês em que o mundo revive conquistas, fico satisfeita em compreender que muitas mulheres moveram esse mesmo mundo que hoje celebra para termos o direito, vez e voz de "sermos quem quisermos ser" - máxima que ganhou a mídia e diz muito sobre internalizar a condição de ser livre. De provedoras dos filhos a ativistas pela igualdade econômica, política, social e moral, admiro todo o ato que induz ou diz respeito ao que é correto e justo. Sei que muitas realidades ainda não condizem com o ideário de liberdade que respeito, mas apoio e luto pelo direito adquirido e pelo que ainda precisa ser.
Quem me conhece também sabe o quanto prezo pelo meu trabalho, um desafio diário. Prezo e admiro todas as mulheres que escolheram trabalhar com comunicação. Assim como em outras profissões, ser comunicóloga tem as suas lutas. E são muitas, eu diria. De todas as habilitações, eu escolhi a Publicidade e Propaganda. No mercado, meu trabalho acontece no setor denominado de Atendimento, um universo particular em uma agência, e fora dela. Sim, nós Atendimentos, circulamos por todos os setores, estamos no cliente, nos bastidores do evento do cliente, no evento do cliente, e no pós-evento também. Dizem que somos os olhos da agência. E na agência, ah!, lá nós somos o coração. Sim, eu realmente acredito e vejo no setor, profissionais que são extremamente "coração".
Também me orgulha muito observar e aprender com o trabalho que as mulheres da minha agência realizam, sem distinções. Especialmente no meu universo, o Atendimento, analiso e percebo quantas características aquelas mulheres reúnem. Dentre elas estão: cuidado, atenção, agilidade, experiência, paciência, visão, afinal, é uma função que exige: a gente elabora briefings, debate problemas de comunicação com o Planejamento, barganha melhores negociações com a Mídia, discute layouts e textos com a Criação, aprende e vive experiências ao materializar trabalhos com a Produção; mas que também oferece tanto: a gente entende a importância da profissão quando acompanha e percebe os problemas de comunicação sendo minimizados.
A agência onde trabalho atende muitas contas públicas, e é extremamente satisfatório perceber, por exemplo, que o nosso trabalho diário chega à dona Maria, que mora na zona rural de uma cidade do interior, pois a prefeitura está informando que ela pode agendar um atendimento médico pelo telefone, sem a necessidade de se deslocar até um posto de saúde para efetivar a solicitação. Uma equipe de pessoas trabalhando pelo mesmo objetivo: Clientes, Atendimentos, Mídias, Redatores, Diretores de Arte, Planejamentos, Produtores, Diretores; homens e mulheres. Não é só o trabalho, são as pessoas. E isso muda a razão de ser, pois reforça propósitos, um deles: a possibilidade de melhorar tudo. Não precisa ser, necessariamente, revolucionário, mas o espírito de tudo precisa, pois é o que vai garantir que todos, inclusive nós mulheres, "sejamos quem quisermos ser".
Ariane Xarão é publicitária e pesquisadora. Executiva de contas na agência Moove e Mestre em Comunicação Midiática, Mídias e Estratégias Comunicacionais.

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