Causas e concausas da corrupção na propaganda

Por João Firme

Já que o assunto da moda é corrupção, mal contra o bem, lembro que na época em que nos tornamos empresários de propaganda detectamos que nas agências de porte os profissionais mais paparicados por fornecedores eram os diretores de produção gráfica, eletrônica e o mídia e nesta eu me metia negociando direto muitas vezes com a presença do cliente e os resultados sempre foram positivos. Perdi algumas empresas porque me negava ao "del credere",deixando o veículo faturar.
Chegou a um ponto esta vergonha que um troféu que era entregue para painelistas no Festival de Gramado nos idos de 80, foi apelidado jocosamente de TOCO.
Nas concorrências,algumas agências tentavam e tentam reduzir seus direitos na mídia(20%) que os meios de comunicação lhes concede sob o escopo da regis 4.680/65 e  o decreto 57.690/66.
Grandes agências brasileiras que optaram,quebraram,entre elas a Denison que veio do RJ conquistar a conta do Governo do RS e outras sobreviveram às crises adquiridas pelas multinacionais.
Contatos de contas prospectavam clientes prometendo o menor preço, embora não fosse o real, e alguns órgãos públicos embarcavam na sustentação e depois não concluíam seus projetos no prazo projetado porque eram notificados pela empresa da impossibilidade culpando a inflação e o processo terminava no impedimento da agência  participar de licitações por 2 anos.
A ABAP e o SINAPRO-RS se uniram e solicitaram que as suas associadas não participassem de concorrências especulativas com a proposta vexatória de redução do desconto na mídia(20%).
Com o" boom"do crescimento da economia depois do plano real, para a alegria de bons publicitários veio o CENP, para ditar as normas  nas licitações públicas com 80% cobrados pelo veículo e 20% do desconto pela agência.
Na iniciativa privada,  as House Agencies e oVarejo  tornaram-se atrativos e instalou-se o FEE como nova maneira de favorecer o grande anunciante e a tranquilidade da agência no pagamento da sua folha.
E apareceu na década de noventa um bixo papão da liberdade de imprensa,os bureau de mídia, que felizmente não vingou no nosso país porque as entidades de propaganda se uniram com grandes meios de comunicação e correram com os bolseiros como chamam os argentinos.
Sabemos nessa crise que inúmeros anunciantes querem voltar ao normal, isto é, faturamento oeki preço de mídia negociada o que é ótimo para o crescimento da indústria da comunicação.
E vaticino a vinda de uma Instrução Normativa de declaração contábil que   os 20%  da mídia, não serão tributados  no valor do FEE que glosado cairá  na malha fina da RFD,assim como eventos de qualquer espécie,  clubes de serviços, produtoras de filmes e outros que não emitiam NF para fugir do dai  a Cezar o  que é de Cezar.
João Firme é publicitário e jornalista.

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