Pobre mercado gaúcho (de espírito, não de dinheiro)

Por Andre Foresti

Amo Porto Alegre, mas sentar com as pessoas para falar de como estão as coisas nas agências de propaganda e no Marketing em geral é um pouco deprimente. Vocês, barões do mercado, vão reagir e se ofender com esta verdade. Mas entre vocês, é um choro só. Em Punta Del Este, claro. Curioso, aliás, que, para superar esses novos tempos, vocês se sentam com os velhos conhecidos muito mais para resmungar do que para fazer um plano de ações. Esperando mais um Top of Mind, um Salão e essas coisas que nos dão a impressão de que somos legais para caramba (se comparados com a gente mesmo). Daí, uma safra foda de empresários gaúchos está dominando o mundo. Em São Paulo. Lá fora. Menos aqui.
O tacanhismo institucionalizado oficializa o perde-perde nas relações comerciais. É uma burrice tão grande que atos de pensamentos pequenos voltam para as empresas no encolhimento do mercado e elas se consideram vítimas do sistema e não causadoras de um ecossistema bizarramente no volume morto.
Visão egoísta do "salve-se quem puder" e que não pensa na sustentabilidade do mercado.
Discursos de coragem e bravura cortina de fumaça para conservadorismo, medo e risco zero. Capital mundial da inovação depois que alguém fez e deu certo.
Agências sangrando. Marketing carente.
Da porta para fora, a espuma de quem é mais legal, digital e integrado. Talentos e mais talentos indo embora todos os dias. Nada acontece. Pensa-se (e se trabalha) do mesmo jeito que se fazia havia 20 anos, esperando o lançamento imobiliário para fechar a conta em um anúncio com pessoas felizes no jornal. Copiar empresas modernas nem pensar. Somos melhores.

Todo mundo quer ser startup. Ninguém pega 5% do faturamento (Google pega 30%) para mudar qualquer coisa: gente, empresas, formatos, experiências.
O Rio Grande do Sul é um grande Celso Roth (cautela): para não perder, não tenta ganhar. Zero a zero oficial.
Sabe quando uma pessoa começa o regime? Quando a gente assume que está gordo. O que nunca vai acontecer em um mercado de gênios elegantíssimos e sedutores. Dieta para quê? Sigamos melhores em tudo.
Andre Foresti é gaúcho, diretor de Planejamento na F/Nazca S&S e founder na Troublemakers.
O texto não possui formatação de Artigo. O portal reproduziu o material, publicado no perfil do profissional no Facebook, com autorização do autor.

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