A alma é o segredo do negócio

Por Daniel Costa

O que faz sua empresa única? O que ela tem de relevante que nenhuma outra é capaz de fazer do mesmo jeito? Sem dúvida é seu propósito. Sua razão de existir. Uma empresa sem um propósito claro e firmemente compartilhado por seus colaboradores, jamais fará frente a uma concorrente obstinada por sua causa, com gente orgulhosa e engajada com esta causa.
Gente com alma. Porque alma vende. Mais que isso, a alma da empresa encanta. Mas, detalhe: se você quer encantar seus clientes, antes encante seu colaborador.
Porque a qualidade da relação que uma empresa estabelece com seus clientes é um reflexo direto da qualidade do relacionamento que ela tem com seus colaboradores. Ou seja, o cliente vem em segundo lugar. Proporcione ao colaborador uma experiência de trabalho na empresa semelhante à experiência que você deseja que seus clientes tenham, e ele fará o resto. Vamos pensar?
Se somos uma editora, cujo propósito é transformar a sociedade por meio de soluções educacionais conectadas com o futuro, de que outra forma este objetivo será atingido se não por meio de um trabalho que: transforme positivamente as vidas de cada profissional, proporcione a eles um diferencial em termos de aprendizagem, e, através da estratégia, conecte-os com o futuro. Parece simples, mas nem tanto. Contudo, é o caminho a ser trilhado.
É preciso que cada pessoa tenha o propósito da empresa no coração, e, a estratégia em sua mente. Dessa forma, seu desempenho no trabalho garantirá não apenas melhores resultados no curto prazo, como também a perpetuidade do negócio.
Este papel cabe aos líderes da organização. Sim, é uma atribuição exclusiva dos gestores, possivelmente a mais importante. Não basta administrar as tarefas das pessoas! Seu engajamento e suas atitudes são determinadas pelas emoções que sentem ao trabalhar na empresa, e seus gestores, por meio das próprias atitudes, que ensinam a viver pelo propósito e comunicam como cada um é responsável pelo cumprimento da estratégia. Portanto, o cargo traz consigo esta responsabilidade: ser um líder comunicar não é uma opção, é uma obrigação. Pelo menos àqueles que desejam fazer a diferença e deixar um legado.
A comunicação, ou comunicabilidade, é competência essencial a quem se propõe a liderar pessoas, educando-as não somente por uma fala concisa e motivadora, mas sim por atitudes coerentes que demonstrem o propósito. Um exemplo: alguém de sua equipe o procura para conversar, justamente quando você está escrevendo um e-mail importante, o que você faz? Para o que está fazendo e olha nos olhos da pessoa, conectando-se ao interlocutor, ou segue digitando e lhe diz "vai falando que estou ouvindo"? Só você sabe a resposta, e sabe também qual a atitude correta em uma situação assim.
É um exemplo simples, mas muito recorrente em nosso dia a dia, e que faz pensar muito sobre gestão de pessoas. Como você se sentiria em uma situação semelhante? O que comunica o "vai falando que estou ouvindo"? Certamente sua atitude provocará uma emoção no colaborador - positiva ou negativa, e esta emoção determinará o resultado do diálogo. Pois não se iluda, as emoções das pessoas regem suas atitudes no trabalho, não o conteúdo da comunicação. O que você fala diz muito menos que a forma como você age, e para sua fala fazer sentido, ela antes precisa fazer sentir. Um bom sentimento é igual a uma boa atitude. Pense nisso.
Orientar para a estratégia, educar para o trabalho, mobilizar para desafios, e, em especial, fornecer feedback constante, são outros comportamentos que qualificam sua comunicação. Este último uma dificuldade recorrente em muitas organizações. E a melhor maneira de criar um ambiente aberto e favorável às avaliações e críticas ao desempenho é, antes de sair distribuindo feedbacks: pedi-los para si. Isso mesmo, subverta a lógica e peça feedback. E quando for dá-lo a alguém, subverta novamente, substituindo afirmações por perguntas. Perguntas podem ser extremamente potentes para fazer pensar e mudar comportamentos.
Com certeza há técnicas que podem ser aprendidas e praticadas para melhorar sua comunicabilidade. Mas tudo começa por saber ouvir! Esta é a primeira e mais importante capacidade a ser desenvolvida, por um motivo simples: quem ouve melhor é mais influente. Porque as pessoas acreditam mais naquilo que elas dizem, do que naquilo que você diz a elas. Da mesma forma como pessoas que escrevem bem adquiriram esta capacidade porque leem bastante, pessoas influentes são aquelas que ouvem melhor. Portanto, ouvir com efetividade e reter estas informações ampliará seu poder de influência sobre sua equipe.
Para finalizar, lembre-se que uma gestão efetiva é, antes de tudo, afetiva. Não se trata de uma visão utópica dos negócios, pelo contrário. É com pragmatismo que faço esta afirmação. Afetividade aqui significa resgatar competências humanas que a pressão do dia a dia, as tecnologias, o tempo escasso, nos fazem negligenciar. É uma forma de fortalecer a alma da empresa, afinal, como diz o título, esse é o segredo!

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