A eleição de Sartori: a análise dos indicadores de situação (I)

Por Elis Radman Partindo do pressuposto de que a intenção de voto é um sintoma de um comportamento, uma das primeiras tarefas de um …

Por Elis Radman
Partindo do pressuposto de que a intenção de voto é um sintoma de um comportamento, uma das primeiras tarefas de um candidato de oposição é analisar os indicadores de gestão de um governante e a tendência de continuidade ou mudança de uma base eleitoral.
Este foi um dos primeiros "temas de casa" das pesquisas da campanha de Sartori: vários indicadores de opinião pública em relação à gestão do governo Tarso Genro passaram a ser monitorados.
O diagnóstico permanente ao longo da campanha demonstrava que o "teto do governo" era de 45% da opinião pública, no melhor cenário com base em questões dicotômicas. Em média, um terço dos gaúchos avaliava o governo positivamente (ótimo ou bom) ou sustentava o conceito de continuidade (manter todas as políticas ou a maioria) e em torno de 72% dos gaúchos tinham a percepção de que o RS não mudou ou piorou nos últimos três anos.
Antes de a campanha iniciar, as "marcas do governo" eram reproduzidas em média por 25% dos eleitores gaúcho (sendo que metade das marcas citadas estava associada ao governo Federal). No inicio do segundo turno, este percentual de "marca do governo" se mantinha o mesmo, o que demonstrava que a campanha do primeiro turno não tinha tido êxito em demonstrar aos eleitores as ações do governo e fortalecer os laços de continuidade. Este percentual começa a se ampliar na última semana de governo, quando Tarso Genro utiliza um jingle aliando seu nome ao Estado.
A priori, para um governante pedir continuidade, além de manter um patamar mínimo de 40% de avaliação positiva (ótimo e bom), precisa difundir as "marcas" do seu governo para que os eleitores "promotores" tenham argumentos de convencimento, para que se legitime a continuidade.
Os dados demonstravam que os votos de Tarso Genro estavam associados à avaliação positiva do governo e que os votos de Sartori estavam associados à avaliação negativa e a parte da avaliação regular. Compreendida a importância deste grupo de eleitores com avaliação "regular", as pesquisas da campanha de Sartori passaram a monitorá-lo, sabendo que estes eleitores seriam o fiel da balança no confronto dos programas eleitorais. Manter o discurso alinhado aos mesmos era vital para manutenção das intenções de voto.
Elis Radmann é mestre em Ciência Política pela Ufrgs e diretora do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião.

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