A eleição de Sartori: a compreensão do conceito de mudança (II)

Por Elis Radmann As pesquisas demonstravam que os eleitores gaúchos não estavam satisfeitos com a atual gestão, tendo em vista que o somatório dos …

Por Elis Radmann
As pesquisas demonstravam que os eleitores gaúchos não estavam satisfeitos com a atual gestão, tendo em vista que o somatório dos eleitores que avaliavam o governo como mediano ou negativo ultrapassava 65%. O desafio era compreender o significado da palavra "mudança" para o gaúcho, em especial, para o eleitorado que avaliava o governo como "regular", e compreender se o debate da mudança estava associado à "troca de governante" ou à "forma de gestão".
Os testes de pesquisa realizados demonstraram que a maioria do eleitorado não estava preocupada com "a troca de governante". A preocupação do eleitor estava situada "com a forma de administrar", no "cuidado com as questões básicas", sendo que 55% afirmavam que o que deveria mudar era "a maneira de governar/ agilidade na prestação de serviços".
Os eleitores foram questionados sobre o significado da mudança: 58,8% citaram palavras associadas à melhoria de serviços públicos (saúde, educação, segurança?). A forma ou maneira de administrar o Estado foram citados por 23,5% dos eleitores (melhoria, agilidade, otimização, resultados?). A economia e as finanças do Estado foram lembradas por 5,6% dos gaúchos, e as características do governante, por 5,6%.
Via de regra, verificou-se que o raciocínio da maior parte do eleitorado ao avaliar o tema "mudança" segue a seguinte lógica: 1º) O eleitor pensa de forma objetiva em um serviço. Cita o serviço que na sua opinião precisa receber mais atenção (por exemplo, a saúde). 2º) Na sequência, avalia que além de o "governante" priorizar o serviço, precisa repensar a forma de "fazer", "como o serviço funciona" e "como deveria funcionar". 3º) Durante esta reflexão, o eleitor remonta alguns insights da eleição anterior e das propostas que estavam em suas lembranças ou que foram divididas em sua rede de relações. Em muitos casos, o eleitor chega à conclusão de que "talvez" seja melhor "trocar" o governante. 4º) Passa a analisar as alternativas dispostas no cenário eleitoral, as alternativas de candidaturas. 5º) Sabendo "o que quer mudar", o eleitor procura o candidato que tenha as características e o comprometimento com a necessidade ou meta dele, eleitor.
É neste contexto de reflexão do eleitor em prol de uma "mudança" que prime por "cuidar da manutenção básica dos serviços públicos" que se deve analisar a eleição de Sartori.
Elis Radmann é mestre em Ciência Política pela Ufrgs e diretora do IPO - Instituto Pesquisas de Opinião.

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