A excessiva visão urbana da imprensa

Por Hélio Ademar Schuch Um vídeo institucional do grupo alemão BASF está chamando a atenção. “Brasil: Um Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira” (http://www.youtube.c

Por Hélio Ademar Schuch
Um vídeo institucional do grupo alemão BASF está chamando a atenção. "Brasil: Um Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira" ( http://www.youtube.com/watch?v=aoiP-WK3V8o) mostra em animação números do agronegócio brasileiro e o papel dos agricultores, finalizando com uma ironia: "Será que alguém ainda acha que o alimento nasce no supermercado?" (Certa vez  Leonel Brizola se referiu às pessoas que pensam que os ovos surgiam nas geladeiras?).
Mas, mesmo com a importância que tem, e cada vez será maior (a carência de alimentos e o aumento de seus preços são notícias  freqüentes), a agropecuária não é assunto que atrai a imprensa, salvo em alguns veículos e mesmo assim esporadicamente e programas de televisão especializados. O resultado é distanciamento do tema pelas audiências urbanas.
A falta de treinamento nos cursos de comunicação em conteúdos que abordem a realidade e fatos do setor pode ser um motivo. Este desconhecimento descarta curiosidade e interesse. Ainda, a existência de preconceitos (o urbano seria o "moderno" e o campo, ou rural, o "atrasado"). Custos para a produção de matérias podem ser apontados como outra causa, já que é mais barato e fácil cobrir o que está próximo das empresas, e a distribuição de sucursais é escassa. Até pela inércia acontecimentos triviais nas cidades tornam-se grandes notícias.
E uma quarta razão: o enfraquecimento do papel da imprensa em abordar questões que mexam com estruturas, como é o caso da ocupação e função da terra.
Pois agora, com novos governos, se apresenta uma excelente oportunidade que deve ser aproveitada: o tema é Metade Sul, expressão que deveria sumir de um estado como o RS, cujo território é maior do que o de SP, e com larga e histórica tradição na produção agrícola. Se esta divisão não for pauta preferencial, o que seria?
A agropecuária não é constituída apenas pelo agronegócio; existem ainda mais dois segmentos, o latifúndio improdutivo (que serve apenas para especulação, numa forma de "poupança" do proprietário) e a propriedade familiar, eficiente provedor de alimentos. Neste "mundo" a imprensa tem muito a mostrar, cobrar, fiscalizar, denunciar, diminuindo sua visão urbana e aumentando o conhecimento de suas audiências.

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