A indústria dos cliques

Por Janaína Rolim Díaz Pode ser que você  nem se dê conta, mas cada vez que navega na internet está gastando alguns reais, mesmo …

Por Janaína Rolim Díaz

Pode ser que você  nem se dê conta, mas cada vez que navega na internet está gastando alguns reais, mesmo sem comprar nada. A simples ação de um clique custa dinheiro para quem está pagando a conta enquanto você surfa.


Muitos internautas até sabem que ao clicar nos links patrocinados do Google, Yahoo e outras ferramentas de busca, geram um custo para o anunciante que recebeu o clique. No entanto, a intenção é essa mesma, se posicionar em destaque nos resultados das pesquisas para receber a sua visita.


Mas não é somente nos anúncios das ferramentas de busca que seu clique vale dinheiro. Existem muitos sites que têm como único intuito lucrar enquanto seu dedo clica aqui e ali. Estes websites geralmente não publicam nenhum conteúdo relevante. O foco mesmo é publicar listas e mais listas de links. Usualmente, focam em um segmento específico e publicam listas de links para outros websites que vendem produtos relacionados a este segmento. Cada website citado nas listas é um anunciante, que recebendo um clique, paga.


Em entrevista para a revista Business 2.0, o americano Howard Hoffman conta que já possui cerca de 11.000 URLs. Entre seus websites, está o  LasVegasLingerie.com, uma página que se parece com qualquer outra da WEB para o público em geral. A única diferença é que ao invés de conteúdo informativo, são publicadas listas de links patrocinados e cada vez que um dedinho leva o mouse sobre um deles, Hoffman lucra. Ele conta que ganha em torno de $10 dólares por dia com este site focado em lingerie. Levando em consideração que Hoffman tem em torno de 11.000 URLs, faça a conta de qual é o potencial de lucro dele por mês?


Nem todos websites de links focam em um determinado tema. Há os que buscam público criando domínios com nome de produtos, empresas ou personalidades em alta nas buscas da internet. Uma das pessoas famosas do Brasil que mais tem tido seu nome usado para este tipo de negócio é a apresentadora de televisão Maria da Graça Xuxa Meneghel. A gaúcha recentemente ganhou uma disputa na justiça da Suíça e outra nos Estados Unidos conquistando o direito de uso do domínio xuxa.com e xuxa-usa.com, respectivamente.


Apesar de muitos casos já terem sido resolvidos na justiça, como o da Grendene com o domínio Rider.com.br, o Banco Itaú com os domínios Bancoitaú.com e Itaúpersonnalité.com, a indústria dos cliques não pára. Muitas companhias ainda têm seus nomes usados por piratas da internet. A empresa gaúcha Copesul, por exemplo, é dona do domínio Copesul.com.br, já o Copesul.com é uma listagem de links para sites que vendem móveis, passagens aéreas, casas, apartamentos, entre outros itens, inclusive, o próprio domínio está a venda. A loja Casas Bahia possui o Casasbahia.com.br, já o Casasbahia.com? Até o Banco do Brasil não foi poupado, tente entrar no Banco do Brasil sem colocar o br no final.


Tudo isso porque a indústria dos cliques movimenta milhões de dólares por ano. Às vezes, até mesmo antes de um clique, somente abrindo uma página, sua visita já está custando para o anunciante. Muitos sistemas de pagamento de propaganda online são feitos por quantidade de páginas visualizada, como ocorre em alguns programas de afiliados, nos banners pop-ups, entre outros tipos de publicidade na internet.


Para o anunciante que está pagando a conta, a propaganda online tem agradado muito, apresentando crescimento de vendas a cada ano. Apesar de ainda existir muitas fraudes na indústria dos cliques, a internet tem demonstrado retorno sobre investimento (Return on Investment - ROI), muitas vezes maior do que em outras formas de publicidade.


Já o consumidor, mesmo sem ter muita noção, está sendo parte ativa do processo e indiretamente consumindo sem ter a intenção, gerando rendimentos e movimentando a indústria antes mesmo de realizar a compra de um produto.


E você, parou para pensar quantos reais já contribuiu em cliques hoje?

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