A verdadeira aldeia global

Por Dirceu Cardoso

A TV, outrora acusada de ser o ópio do povo, está cada dia mais ameaçada. Sua hegemonia, conquistada há 40 anos através das três ou quatro redes nacionais, sofre a concorrência da internet e seus meios, especialmente os smartphones e tablets, que levaram a rede mundial a saltar de dentro dos computadores para as mãos do usuário, que pode levá-la a qualquer lugar. Hoje, o famoso horário nobre da televisão, que costumava reunir a família na sala, está picado entre mais de uma centena de canais pagos e, principalmente, pela a opção da internet colocada na palma da mão, que já lhes deu as notícias do dia em tempo real. Milhares de pessoas dão preferência à interação da redes sociais, aos sites de diferentes conteúdos e, inclusive, aos filmes e programações disponíveis no computador e nos dispositivos móveis.
Não precisam mais reclamar aqueles que acusavam a televisão de, com o sistema de rede, achatar as culturas regionais. Hoje se encontra na internet conteúdo produzido em todos os níveis, custos e lugares. Mais que isso, a rede e seus dispositivos ainda abrigam o rádio - tanto o tradicional quando o criado especificamente - e oportuniza a troca de informação e discussão de temas que não conseguiam passar pela restrita mídia tradicional. Essa interação vai desde a troca de mensagens entre amigos até aos grandes movimentos político-sociais que têm derrubado governos mundo afora. Só para citar um exemplo mais próximo, os jovens brasileiros vêm utilizando a internet tanto para marcar os ditos "rolezinhos" quanto para organizar as manifestações como as que levaram ao impeachment da presidente da República. E, com certeza, essa possibilidade de troca de informações também deve ter interferido bastante nos resultados das eleições municipais.
Chegados ao Brasil no começo dos anos 90, os telefones celulares serviam apenas para falar, e o faziam com dificuldade. Mesmo assim, constituíram um avanço. Logo vieram as mensagens escritas e a sua simbiose com a internet, chegada na mesma época. A partir daí as transformações são diárias e ninguém e capaz de dimensionar qual o limite disso tudo. O smartphone é o verdadeiro produto de mil e uma utilidades (se não forem mais) e não há o que se fazer para evitar. O melhor que todos têm a fazer é formatar o seu negócio para esse novo meio de comunicação. No lugar do simples telefone de 20 e poucos anos atrás, temos hoje nas mãos uma janela que nos leva a interagir com o mundo, nos divertindo, estudando, relacionando com amigos e grupos sociais, fazendo compra, indo ao banco, requisitando serviços públicos e, até, telefonando. O tradicional jornal de papel ainda resiste porque há o hábito do leitor de, depois de acompanhar as notícias novas, verificar como elas foram consolidadas após a apuração tanto das autoridades quanto da imprensa.
Mais do que um meio físico de comunicação, a somatória da internet com os telefones celulares e assemelhados constitui um fenômeno social. Quem não o compreender dele não tirará proveito e, o pior: por ele será atropelado?
Dirceu Cardoso é dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil).

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