A vida é doce para Elsa e Fred

Por Carolina Zogbi < [email protected]> Como todo faz todo o jornalista, gostaria de aproveitar o gancho da morte do ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, …

Por Carolina Zogbi < [email protected]>
Como todo faz todo o jornalista, gostaria de aproveitar o gancho da morte do ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner, e escrever sobre uma produção argentina/espanhola. Não esperem nenhum assunto inédito nem inovador, mas é um filme que, de alguma forma, toca o coração, e não apenas no sentido amoroso.
"Elsa e Fred, um amor de paixão" (Elsa y Fred, 2005), do diretor Marcos Carnevale, conta a história de dois velhinhos totalmente diferentes. E aí o enredo já conhecido: como um amor vem para mudar estilos de vida. Fred, um viuvo, já com oitenta anos, é o típico senhor que tem todos os tipos de cuidados e manias para tudo e todos. Mas isso muda ao conhecer Elsa, uma idosa que vive ao máximo tudo que consegue aproveitar da vida. Daí por diante se pode ter ideia do que esses dois vão passar e aprender juntos.
No elenco a performance de atores  experientes, Manuel Alexandre, que vive o doce e cativante Fred, e a atuação brilhante de China Zorrilla, no papel de Elsa, uma velhinha que só apronta. Ao mesmo tempo em que o filme garante boas risadas com a dupla, principalmente com a divertida Elsa, também leva o espectador às lágrimas em muitos momentos. Relembrando Fellini e a sua grande obra ''Doce vida"(Dolce Vita, 1960), o longa fica ainda mais interessante descrevendo o grande sonho da  protagonista: viver  a cena em que Anita Ekberg está na Fontana di Trevi à espera de Marcelo Mastroianni.
Além da trilha, a mesma usada no filme de Fellini, o roteiro e a fotografia também não deixam a desejar. É interessante salientar o plano que o diretor segue durante quase todo o longa: alguém sempre no canto da tela, e quando os dois estão juntos, a cena se complementa.
A frase escolhida pela própria obra, estampada na capa do filme, não poderia ser melhor: "Lleva tiempo llegar a ser joven", de Pablo Picasso. A principal conclusão que pode ser tirada desta interessante história é que certamente nunca é tarde para amar, mas para muitas pessoas sempre é cedo para começar a viver.

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