Assinatura de jornal? Ah, isso é coisa do vovô!

Por Sérgio Capparelli A internet possibilitou que muita gente possa se informar sem necessidade de fazer uma assinatura de jornal ou comprá-lo na banca …

Por Sérgio Capparelli

A internet possibilitou que muita gente possa se informar sem necessidade de fazer uma assinatura de jornal ou comprá-lo na banca da esquina . Isso acontece no Brasil, nos Estados Unidos, na China, ou qualquer outro país do mundo que ofereça esse tipo de serviço .


Uma entrevista publicada no China Daily, com Ren Xin,  empregado de escritório   em Beijing, dá uma idéia dessa tendência . Ele tem 25 anos e notícias todos os dias na internet .


"Eu também assisto ao noticiário da televisão . Jornal , compro de vez em quando ".


Ao entrevistador, que quis saber por que   Ren Xin não assinva um jornal , ele respondeu, rindo:


"Por que uma assinatura ? Assinatura de jornal é hábito do meu pai e do meu avô . Eu prefiro a internet ".


A afirmação de  Ren Xin pode ser repetida por muitas pessoas .  Hoje , alguém pode ler jornais de sua escolha sem comprá-los na esquina .


A verdade é que a China tem mais de 100 milhões de usuários de internet . Diferente de outros países , ela permite que os sites comerciais ofereçam apenas notícias produzidas por outros jornais ou agências de notícias . 


Cria-se então um caminho perverso . Os sites fazem convênios com jornais tradicionais que lhes repassam as notícias . Os leitores deixam então de comprar jornais e passam a se informar pelos sites . E a publicidade afasta-se também dos jornais de papel e migra para os sites eletrônicos .


Em outras palavras , Sohu. com , um portal da internet , ganhou US$ 5 milhões durante a Copa do Mundo . E Cheng Tong, vice-presidente da Sina Corp, cotada na Nasdaq, diz que ganhou muito mais do que isso . Segundo ele , a China Mobile pagou US$ 1,25 milhão para exibir o título de promotor de uma parte da seção da Copa do Mundo . o jornal China-Gol, o jornal esportivo mais lido por causa de suas coberturas de futebol , conseguiu apenas US$ 2,5 milhões com venda de anúncios relacionados com a Copa do Mundo.


Um recente estudo sobre os meios de comunicação chineses mostra que as vendas de anúncio de jornais caíram 5,1% em 2004, sendo maior ainda no caso das revistas , onde a queda foi de 16,5%. Parte dessas perdas , dizem os analistas , vem da competição que se torna cada vez mais acirrada com os meios digitais.


"Nós achamos que Sina . Com tornou-se uma marca muito forte em noticiário , eclipsando o local de onde vinham esses produtos , os nossos jornais ", diz Tian Kewu, editor chefe do jornal Diário da Juventude de Beijing (600 mil exemplares diários ) , entrevistado pelo China Daily. Ele acrescenta: "Os usuários da internet não se preocupam com nomes tradicionais de publicações. Eles sabem apenas que as notícias que lhes são oferecidas são proporcionadas por Sina . Com ". 


A descoberta dessas características do mercado fez com que os jornais tradicionais também fossem oferecidos em formato digital , como no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa. No entanto , jornais como o Diário da Juventude perderam muito tempo . Agora entram no mercado , para concorrer com os mesmos sites que antes ofereciam suas notícias , que se tornaram conhecidos no mercado digital e que agora levam vários corpos digitais de vantagem .


Li Weitao, do China Daily, afirma que o iResearch, de Xangai, o mercado chinês de publicidade on-line foi de US$ 391,2 milhões em 2005, ou 7,6 vezes mais do que em 2001. Para se ter uma idéia , a receita empregada em publicidade on-line no Brasil foi de US$ 100 milhões em 2005, segundo o Projeto Inter-Meios, com crescimentos de 20 a 30% ao ano .


O avanço dos anúncios on-line mostra a acentuada concorrência entre os meios digitais e os meios tradicionais. No caso chinês, ainda muito caminho a ser percorrido, porque apesar do crescimento , a publicidade on-line representa uma fatia ínfima do mercado total de anúncios , avaliado pela Nielsen Media Research em US$ 9,5 bilhões . Mas mostra uma força antes não suspeitada, ao enfraquecer os jornais tradicionais, com seus leitores papívoros, e beneficiar os meios digitais , com seus internautas .  E se o Diário da Juventude , agora cotado em bolsa , abriu seu próprio portal de notícias , dezenas de pequenos jornais continuam oferecendo de graça seu noticiário a algum Sina . Com , a fim de conseguir alguma visibilidade .

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