Celulares e maus modos

Por Roério Teixeira Brodbeck* Quando o telefone celular surgiu aqui no RS, acho que por volta de 1994, houve uma verdadeira revolução. Custava caro, …

Por Roério Teixeira Brodbeck*
Quando o telefone celular surgiu aqui no RS, acho que por volta de 1994, houve uma verdadeira revolução. Custava caro, era um tijolão e as chamadas, uma fortuna. Até nas ligações locais se pagava ao receber. Com o tempo, os aparelhos diminuíram de tamanho, vieram os pré-pagos, recebem notícias, o pregão da bolsa, tiram fotos, navegam na Internet, mandam e-mails e até falam.
Só o que não mudou foram os (maus) modos de muitos de seus usuários. Continua-se falando ao celular em cinemas, teatros, restaurantes, ao volante, até em igrejas, e, pasmem, em velórios inclusive na hora da encomendação do ente querido. Enquanto, segundo nos diz o Lucas Mendes, em Nova York os celulares não entram nos restaurantes, aqui eles fazem parte da mesa: garfo, faca, copos, pratos, guardanapos e ? celular.
Não entendo como essa gente que não tem nenhum constrangimento em atender uma ligação da empregada que quer saber se pode recolher a roupa porque vai chover ou do funcionário que não sabe se desliga o computador do escritório, fica com a mesma cara ao atender o brinquedinho. Aqui, celular ainda é sinônimo de status, embora qualquer um tenha a engenhoca.
Mesmo com o seu aperfeiçoamento, como controle do volume, vibrador (do aparelho?), e serviços como secretária eletrônica e Te Ligou, as pessoas simplesmente não se tocam. E depois ainda botam a boca no trombone quando são autuadas no trânsito por falarem ao celular. Tem mais é que levar multa mesmo, porque o celular, além de distrair perigosamente o motorista levando-o a cometer uma imprudência ou uma imperícia, ainda prejudica o seu desempenho porque o obriga a usar apenas uma das mãos.
Nos demais locais, também a coisa é inconveniente. Já imaginou você rezando numa capela mortuária e lá pelas tantas escutar o trim trim?? E o dito cujo berrando - digo atendendo - do lado de hein, agora não posso, depois te ligo, tá, não, não, deixa o fulaninho na creche, depois eu pego ele ou tá bem, mãe, não enche o saco, depois eu compro as fraldas pra senhora?
Quer mais? Terminou a bateria!
* Roério Teixeira Brodbeck é jornalista e advogado.
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