Comunicação nas Olimpíadas

Por Gabriel Bocorny Guidotti O papel das confederações esportivas As Olimpíadas passaram por território brasileiro. A euforia foi coletiva para concidadãos que sofreram difíceis intempéries …

Por Gabriel Bocorny Guidotti
O papel das confederações esportivas
As Olimpíadas passaram por território brasileiro. A euforia foi coletiva para concidadãos que sofreram difíceis intempéries ao longo de 2016. A autoestima nacional está revigorada, ainda que momentaneamente. Os jogos olímpicos mostraram ser uma grande oportunidade para o setor da comunicação. De lá brotaram milhares de jornalistas que levaram uma enxurrada de informações para o resto do mundo.
Sim, jornalistas surgiram aos montes. E assessores de comunicação? Nem tantos. Isso fará sentido logo a seguir. Na TV aberta no Brasil, os esportes olímpicos ganham pouco espaço. Durante o ano, o futebol é o assunto mais destacado. Alguns programas, é verdade, procuram democratizar o acesso de outras modalidades aos espaços da imprensa, mas de forma incipiente perante o esporte que é paixão nacional. Afinal, o baixo interesse é culpa de quem?
Uma colega minha de profissão encontrou um nicho interessante de mercado: assessoria de imprensa para esportes que não o futebol. Sabe o que ela notou? Amadorismo por parte das instituições que representa. Geralmente, estas possuem gerentes administrativos e jurídicos. Nunca de comunicação. Resultado: o esporte não aparece. Eventuais praticantes tomam conhecimento exclusivamente por alguma atividade social em seu bairro, por exemplo. Raramente esse conhecimento se dá pelas mãos dos canais da mídia.
"Mea culpa" das entidades do esporte
Eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas são únicos. Trata-se de um prato cheio para comunicadores "venderem seu peixe". Os jornalistas das redações, numa era de competitividade gerada pela instantaneidade da informação, estão sedentos por boas pautas. Mas eles precisam ser alimentados, caso contrário o noticiário é repetido como se fosse um roteiro, uma rotina que premia sobretudo o futebol.
Como estimular o gosto por esportes menos afamados a cada quatro anos? Não há como. O interesse deve brotar das confederações que os representam. São elas, como conhecimento e investimentos, que podem mudar a agenda dos veículos e facilitar o acesso a diferentes modalidades olímpicas. Sem apostar numa boa assessoria de comunicação, tais entidades se arriscam a continuar na penumbra. E o pior: ver o seu esporte na penumbra.
Para uma pessoa ou empresa ser notada, ela pode pagar por publicidade e marketing. Para ela ser assimilada, entretanto, a imprensa tem papel preponderante. No processo de comunicação, é fundamental a presença de um profissional que intermedeie o relacionamento com os canais da mídia e que produza notícias capazes de angariar público. Há tantos eventos relacionados a esportes olímpicos? É uma pena que as pessoas só se sintam contagiadas a praticá-los em tempo de Olimpíadas.
Em outras palavras, a culpa não é da imprensa, mas sim das confederações, que não investem nos seus respectivos setores de comunicação. Se investimento houvesse, o Brasil estaria em outro patamar no pódio. O crescimento das medalhas do país também passa por esse tipo de preocupação, não somente na preparação técnica dos atletas. Pensem nisso, gestores do esporte!
Gabriel Bocorny Guidotti é jornalista e escritor, e administra o site http://gabrielguidotti.wordpress.com/

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