Cuidado com seu voto!

Por Vilson Antonio Romero Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão, falecido em 1956, dizia que "o pior analfabeto é o analfabeto político". Nos dias …

Por Vilson Antonio Romero

Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão, falecido em 1956, dizia que "o pior analfabeto é o analfabeto político". Nos dias que antecedem o pleito eleitoral de 5 de outubro, cabem reflexões.


O Ibope entrevistou 805 pessoas em Porto Alegre e 65% dos entrevistados afirmaram não saber o nome de seu candidato sufragado há quatro anos. Como fiscalizar a atuação, se não lembram de quem cobrar? Como ver se o político honrou o mandato, se não lembram quem mereceu o seu voto? Será desinteresse, alienação ou analfabetismo político?


Em pesquisas anteriores, 57% dos entrevistados já reiteraram não se interessar ou se interessar muito pouco por política. Diz Brecht: "Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas".


Serão 52.137 políticos eleitos em todo o Brasil, entre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, escolhidos entre mais de 370 mil candidaturas espalhadas pelos 5.563 municípios. Todos disputando os mais de 128 milhões de votos, onde a maioria (51,8%) é do sexo feminino. Como separar, nesta eleição paroquial, o joio do trigo e transformar pretendentes em administradores públicos e legisladores de escol?


Só com conhecimento e informação. "Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais", segue Brecht.


Se a amnésia eleitoral se configura elevada na capital dos gaúchos, tidos e havidos como de elevada formação política, o que dizer do restante do Brasil, nos bretes e currais eleitorais espalhados por todos os mais recônditos recantos.


Talvez seja por isto que surjam seguidamente tantos ladravazes da coisa pública. Com certeza, é por isso que campeia a corrupção em palácios e edifícios públicos. São necessárias atitudes mais concretas para aculturarmos nosso povo e aproximá-lo da vivência política, apesar de, na maior parte das vezes, a luta diária pelo prato de comida impedir voltar os olhos para outras questões.


Os próprios atores da cena política têm de ser os primeiros a catalisar a população para a sua honestidade, transparência e credibilidade, impedindo prosperar a figura criada pelo dramaturgo alemão: "O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política?"


São só quatro anos de mandato, mas pode ser muito tempo, como diz a publicidade, para quem terá o poder de decidir e resolver sobre questões que afetam a nossa cidade, nosso bairro, nossa vida, enfim. Portanto, não troque seu voto por camiseta, churrasco, asfalto, promessa de iluminação de sua rua ou "boquinha" na nova administração. Não permute sua dignidade por um projeto imediatista e inconseqüente!


Cuidado com seu voto! Cuide bem de seu título eleitoral! Ele é a principal arma contra o desmando, a corrupção e o desgoverno.

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