Deus, pátria e família na propaganda americana

Por João Firme

Convidado pelo departamento de Estado dos Estados Unidos depois de passar pelo FBI como estudante formando em Propaganda em 1965 pela Famecos, fizemos um curso de imersão por seis dias na Voice of America, em Washington. Condição sine quanon para convidarmos Jacqueline Kennedy para inaugurar, em 15 de dezembro, a EFAP - Exposição dos Financiados da Aliança para o Progresso, da qual eu e o Marco Antônio Kraemer, ambos da Minuano Publicidade, éramos os líderes eleitos pelos nossos colegas de curso.

Conhecemos Emilio Braier, de Cachoeira do Sul, que era o diretor de 17 jornalistas brasileiros que trabalhavam na grande emissora de 43 frequências em ondas curtas e tropicais (100 kilowates), que tinha dois mil funcionários e, em determinados horários, apresentava noticiários relacionados à educação, saúde, meio-ambiente, economia, turismo e política para países diferentes no mundo.

No terceiro dia do curso, fui jantar na linda casa do cachoeirense de origem alemã e seus dois meninos, de mais ou menos 5 e 7 anos, que me agarravam e brincavam comigo como se eu tivesse idade de avô. Sorvendo a erva-mate que não entope, que o Paixão Cortes fazia propaganda para a Minuano, tive que lembrar detalhes como ter sido retido por duas horas no Aeroporto de Kennedy, em Nova York, e de nada adiantaram os telefonemas do Emílio que ficou apreensivo no aeroporto Thomaz Jeferson me aguardando com sua família. Meus carteiraços do Consulado de Porto Alegre, convite da Usaid e identificação da ARI de nada adiantaram para a poderosa polícia aduaneira agrícola, superior ao FBI, na entrada de produtos agrícolas. Fui liberado duas horas após a análise de sangue com o resultado negativo de maconha.

Perguntei ao Emílio por que aquele cartazete exposto na sala de visitas com 'DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA'. Ele, então, contou-me uma história que seus 'guris' não podiam brincar com os demais do seu condomínio horizontal: "Fui tirar satisfação de um vizinho da direita da minha casa e, surpreso, fiquei sabendo que era porque eu não tinha religião e respondi que jornalista é independente e se me pedirem para escrever contra ou a favor de Cristo eu faria isso. E não deu outra, João, voltei aos cultos da Igreja Luterana e passei a exercer minha fé em Deus, que Ele nunca me abandonou e na minha pátria pela qual morremos, na esperança e na família convivendo em paz".

Finalizamos o 'papo' para uma feijoada com feijão preto que levei. Pedi para ir no domingo à igreja com ele, apesar de ser católico e devoto em Nossa Senhora Aparecida, que os pescadores conheceram na rede recolhida cheia de peixes e São Francisco de Assis, que o Papa beijou-lhe os pés, porque fazia o bem sem pensar em si, eu frequentava  as luteranas e adventistas porque faziam Propaganda do Pregador do amor e da paz.

João Firme é publicitário e jornalista.

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