Diagnóstico de marketing: o que é e por que adotá-lo para a estratégia da sua empresa?

Por Daniel Moreira (Cuca)

É tipo crise dos quarenta. Só que, nas empresas, pode vir mais cedo, pelos 20. E, é bom que venha mesmo. O quanto antes fizermos os questionamentos, mais cedo virão as soluções. É mais ou menos assim: você olha para trás, e vê que até construiu algo, mas não tem muita certeza do quê. Olha pra dentro e percebe que sua equipe não enxerga a mesma coisa, nem que você, nem entre ela mesma - as pessoas trabalham cada uma por si, sem clareza no destino, sem clareza no caminho. Aí, você olha para fora e se dá conta que seus clientes e fornecedores também não sabem bem quem é sua marca, no que ela difere das demais - é tudo meio a mesma coisa.
Meu amigo, seja bem-vindo à questão primordial da existência humana: o que somos e para onde vamos?
Tá bom, a resposta também não é tão complexa assim, e faz parte do bê-á-bá da administração e do marketing. Lembra do planejamento estratégico? Aquele que você deixou para depois ou até fez mas acabou jogado em uma gaveta, "aquela tremenda perda de tempo que um consultor empurrou pra você"? O planejamento estratégico é importantíssimo, mas precisa de muita dedicação e disciplina. Por isso, na maioria dos casos, não sai papel.
Como fazer, então, para alinhar seus objetivos, direcionar o rumo e comunicar corretamente a identidade de sua marca de uma forma menos traumática, que não exija meses de dedicação exclusiva e quase quebre seu negócio por causa disso?
Existem diversas ferramentas mais modernas, práticas e conjuntas para se levantar dados, planejar e desempenhar ações coordenadas para sua empresa. De acordo com as características de seu negócio, se bem aplicadas, várias podem ser utilizadas com eficiência.
Dentro do Plano de Voo - metodologia própria da Agência Incomum, que é ponto inicial para a comunicação estratégica de seus clientes e muito mais prática e indolor que no planejamento estratégico - a primeira etapa é o diagnóstico. Nele, diversos métodos investigativos podem utilizados para descobrir como a empresa é percebida por seus públicos e por seus líderes, quais são seus valores, as verdades e os equívocos. "Qual é a sua, afinal".
Desde jornadas de consumo, passando pela Matriz CSD, até uma ampla pesquisa de mercado, o processo de diagnóstico vai se complementando e formando um Raio-X perfeito daquele ser quase humano, que só não o é por possuir CNPJ ao invés de um CPF. A empresa se mostra um organismo vivo e a palavra "diagnóstico" fica cada vez mais próxima da que escutamos em um consultório, com direito a cliente despido em frente ao médico, inclusive. Nunca houve tanta proximidade entre duas empresas. Até mesmo os malfeitos, os escondidos e as vergonhas vêm à tona. Viramos íntimos e nada mais importa senão a verdade. Isso sem falar que todo o processo, nas etapas realizadas em conjunto com o cliente, é bastante lúdico, bem longe das exaustivas reuniões de rotina. O empresário ou os líderes gestores adoram esses momentos. É quando fazem algo diferente, pensam a empresa por outros ângulos, exercitam suas habilidades críticas, inclusive sobre eles mesmos.
Ao término do processo, quando se apresenta as informações colhidas, analisadas e concluídas, a receptividade é total.
É como se alguém tivesse tirado as vendas dos olhos dos líderes e todos, enfim, conseguissem enxergar a mesma coisa. Aquilo que estava ali desde sempre e ninguém via, a verdade nua e crua, simples e inequívoca. É recompensador!
Desse momento em diante, abre-se um caminho muito mais firme e direto para a segunda etapa do Plano de Voo, que é a conceituação. Afinal, já se descobriu tudo que se precisava. O conceito vem fácil, redondo, e a aprovação se torna um beijo consentido e esperado, vindo de alguém que se deseja. E cada etapa seguinte fica mais fácil ainda. Até o briefing para as demandas comuns se torna praticamente supérfluo, devido a introjeção da agência dentro da essência do cliente e, mais importante, devido ao cliente ter certeza do que precisa e confiança em sua parceira.
Estamos vivendo uma época onde as marcas foram elevadas a uma categoria a qual nunca estiveram. Se antes nos baseávamos no "o quê", depois, no "como" e, mais recentemente, no "por quê", para desenvolvermos nossos produtos e marcas. Pode-se dizer que estamos entrando na era do "quem" (já tem algum livro sobre isso?). Afinal, as mídias sociais vieram para ratificar a abertura de um caminho para um contato muito mais íntimo entre as pessoas e as marcas. Hoje, viramos fãs delas. Já reparou? Damos curtidas, batemos um papo, e o boca a boca virou uma setinha virada para o lado, ao alcance de um dedo.
Pense bem: uma marca é como uma pessoa. Ela tem corpo e tem alma. Ela conversa, se comporta, interage e impacta nas nossas vidas. Mas ela também passa por crises. E quando isso acontece, é preciso mandá-la para a terapia. Urgente!
Daniel Moreira (Cuca) é sócio-diretor da Agência Incomum, e é bacharel em Comunicação Social - habilitação Publicidade e Propaganda, pela Universidade Católica de Pelotas.

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