Do controle ao descontrole americano

Por Janaína Rolim Díaz Há poucos dias estava bem engajada com a região do meio-oeste americano, pois participava da produção do especial "Potências da …

Por Janaína Rolim Díaz

Há poucos dias estava bem engajada com a região do meio-oeste americano, pois participava da produção do especial "Potências da Soja", do Canal Rural. Não é à toa que a equipe da emissora gaúcha se interessou pela área. Lá é possível encontrar tecnologia de ponta para agricultura, grandes produtores de grãos, principais exportadores, líderes mundiais de equipamentos agrícolas e experts em agronomia. Sim, esta também é a região onde estão as lavouras de milho, soja, arroz, movimentando milhões de dólares por ano nos Estados Unidos. Apesar de a equipe do Canal Rural ter uma excelente história para contar de sua viagem, não podemos dizer o mesmo dos amigos que lá fizeram.


O meio-oeste americano está enfrentando um dos piores desastres naturais da história dos Estados Unidos, muito semelhante com a catástrofe enfrentada pelos conterrâneos de Louisiana durante a passagem do furacão Katrina. Com os tornados, chuvas fortes e tempestades que vêm acontecendo desde as últimas semanas, seis estados do meio-oeste já tiveram 24 mortes e 148 feridos. O Rio Mississipi transbordou inundando dezenas de cidades. O estado de Iowa, o último da nossa rota do "Potências da Soja", está sendo o mais prejudicado com $1.5 bilhão em prejuízos até agora e o esperado é que esse número aumente com as cheias previstas para o Mississipi nos estados de Missouri e Illinois ainda esta semana.


Com certeza, amigos que fizemos por lá têm uma triste história para contar. No entanto, para outros da região é mais do que um lastimável ocorrido. É o fim, pois tiveram que abandonar suas casas e agora, com os estragos encontrados, recomeçar do zero. Apesar de gerar grandes rendimentos para o país, a região é formada por pequenas cidades de interior. No estado de Iowa, por exemplo, 70% das cidades têm populações com menos de 1000 pessoas. Um pouco mais da metade desses municípios têm menos de 500 habitantes. Cidades onde tudo que há é uma farmácia, uma igreja, um posto de policia, um restaurante.


Mais um triste episódio para o país que é líder em tecnologia, possui pesquisas de ponta e profissionais com maior nível educacional. Provavelmente, a maior tragédia está no fato de que este mesmo país esqueceu de investir em cuidados com à natureza, em combate ao aquecimento global, em programas de preservação ao meio ambiente. Podendo agora ser, talvez, um dos únicos a prover soluções para a biotecnologia ou nanotecnologia e não ser capaz de evitar mortes em seu próprio território por motivos tão comuns como chuvas e outros fenômenos naturais que hoje estão descontrolados.

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