É medo ou Medo?

Por Jaqueline Sosinho, para Coletiva.net

Manter-se no mercado, hoje, é uma das maiores (se não a maior das) preocupações dos tomadores de decisão em relação a suas empresas. Porém, percebo ações somente para o curto prazo. Explico: em se falando de preocupação com o negócio, podemos pensar em duas dimensões, o urgente e o importante.

O urgente faz com que este gestor tome decisões e ações de curtíssimo prazo, como tarefas diárias e o fechamento do mês. Como ouvi do Walter Longo, em uma de duas palestras: "O executivo tem mais medo do fim do mês do que do fim do mundo". É um sentimento de sobrevivência. São tantas as coisas para fazer, que ficam sempre pendências para o dia seguinte. E isso pode ser uma armadilha. O dia termina com aquela sensação de que muito foi feito. Mas o que se fez hoje repercutirá em um prazo mais à frente? Tomei alguma ação (dentro do importante) que me garantirá um crescimento sustentável e a perpetuação da minha empresa, mesmo que mude enquanto negócio?

Noto que os gestores se encantam com o dia a dia (operacional) de sua empresa. Ele se envolve e isso é reconfortante, através do cumprimento e sucesso de pequenas tarefas/ações. As pequenas vitórias servem como anestésico para aguentar a pressão de algo que está gritando, mas que, no fundo, esse anestésico mascara.

Mas, enquanto isso, quem está pensando no futuro do negócio consegue competir com o urgente? O momento em que vivemos é único, de mudança e transição. Muitas atitudes, comportamentos e conhecimentos precisam ser jogados fora. Não temos mais como entender o mercado e "correr atrás da máquina", isso não é mais o suficiente. Qual será a estratégia, então?

Existem profissionais e ferramentas que poderiam estar ajudando com este momento de reflexão, utilizando-se de dados e tecnologia. Para isso, é preciso coragem. Coragem é aquele sentimento de atitude, de superação do medo. O medo não deveria ser paralisante. É ele que nos mantêm vivos. Mas o que nos leva para frente é a superação deste medo - ou seja, a coragem - no agir com métodos, gerando resultados.

O medo é o grande impeditivo para este primeiro passo? Medo de quê? De mudar? De não tomar a melhor decisão? De desafiar nossos modelos mentais vigentes? Eles, que nos trouxeram até aqui e que sempre deu certo, mas que agora não servem mais, podem estar sendo o que nos impede de seguir. O medo de pedir ajuda?

Este personagem nas empresas - o que toma a decisão - passou a dividir a tarefa com sua equipe. Mas esta equipe está preparada para isto? Quando ele está sozinho, tem um comportamento duplo, que é o que quer fazer e diz que quer, e toma pequenas ações para isto. E a outra parte que não quer. Aí, nega, boicota, constrói explicações complexas (e convincentes pra ele mesmo) não fazer. Uma delas, e talvez a pior: ainda não está na hora, é preciso esperar. Mas quanto tempo o negócio ainda tem? Ah, mas está todo mundo nesta situação. O problema é a crise econômica deste País. Todo mundo não! Alguns crescerão para viver e outros (infelizmente, muitos) vão morrer.

Tenho coragem para escolher? Ou vou apostar no medo?

Jaqueline Sosinho é sócia-diretora da Confluência - Evolução Organizacional.

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