Entre a Noruega e o Quirguistão

Por Vilson Antonio Romero* No coração da Ásia, incrustada nas montanhas, fazendo fronteira com China, Cazaquistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, está a República do Quirguistão. …

Por Vilson Antonio Romero*
No coração da Ásia, incrustada nas montanhas, fazendo fronteira com China, Cazaquistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, está a República do Quirguistão. Numa área de 198 mil quilômetros quadrados vivem cinco milhões de quirguizes, russos e outros imigrantes, na sua maioria soviéticos, com uma renda per capita de US$ 380. Apesar de já ser um grande produtor de máquinas e de energia elétrica, mais de 88% de sua população vive com menos de US$ 4 por dia.
Também com muitas montanhas e um terço de seu território situado ao norte do Círculo Polar Ártico, localizamos na Europa, mais precisamente na península escandinava, a monarquia constitucional da Noruega. Em sua área de 323 mil quilômetros quadrados, fronteiriços com a Rússia, a Finlândia, a Suécia, o Mar do Norte e o Oceano Atlântico, vivem 4,5 milhões de noruegueses, com renda per capita de mais de US$ 27 mil. O país dos fiordes, do sol da meia-noite e da aurora boreal destaca-se como uma das indústrias pesqueiras mais importantes do mundo, sendo também grande exportador de gás natural, petróleo e carvão.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que mediu a qualidade de vida em 177 países, com base nos dados de 2002 e considerando variáveis oficiais de educação (taxa de matrícula bruta e analfabetismo), renda per capita e expectativa de vida, aponta a Noruega como o país detentor da melhor posição dentre todas as nações, com um IDH de 0,956. Já o Quirguistão (IDH 0,701) situa-se em 110° lugar.
Exatamente na metade do caminho, na 55ª posição (IDH 0,797), se forem corrigidos os indicadores de expectativa de vida (71 anos) e taxa de analfabetismo (11,8%) considerados pelo Pnud, como reivindicam os ex-mandatários tucanos, está o gigante adormecido de Pindorama, terra do pau-brasil, nação continental com 8,51 milhões de quilômetros quadrados de área, onde se distribuem 180 milhões de, na sua maioria, sofridas almas. O país do futebol, das mulatas e do carnaval, com seu potencial industrial, comercial e agrícola, registra aos brasileiros uma renda per capita de US$ 2,83 mil, que mascara a expressiva concentração de renda. Apesar de grande exportador de manufaturados e produtos agropecuários, ainda estão evidentes os índices alarmantes de desigualdade social. Há mais de 11 milhões de famílias abaixo da linha da pobreza - renda de US$ 2 por dia.
Com parcela de sua população vivendo como a maioria dos quirguizes e uns poucos aquinhoados tendo padrão de vida norueguês, o Brasil e todos os brasileiros têm muito claro que há um longo caminho a percorrer para chegar mais perto de nações como Islândia, Cingapura, Argentina, Uruguai, Chile e até a Croácia, dentre as mais de cinco dezenas de países com melhores indicadores que o brasileiro.
Esta é uma tarefa da sociedade, que deve refletir - governo e população em geral - sobre que atos incentivar, na busca constante de um crescente bem-estar, em patamares que permitam condições mínimas de sobrevivência e cidadania?
* Vilson Antonio Romero é jornalista, auditor fiscal do INSS, diretor da Associação Riograndense de Imprensa e consultor da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
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