Entre inovar e se acomodar

Por Andressa Griffante, para Coletiva.net

Aquele nosso olhar humano e crítico parece escasso num mundo cheio de plataformas digitais. Se por um lado nunca foi tão fácil e rápido obtermos informação, por outro, nunca foi tão difícil confiar no conteúdo que estamos acessando. Na palma da mão, a poucos cliques de distância, encontramos uma vasta quantidade de notícias sobre o que estamos buscando. Além disso, também conseguimos tornar mais prática a divulgação de nossas marcas com estes mesmos recursos, contando com ferramentas web, que, em resumo, nos economizam tempo, dinheiro e esforço. Mas não estaríamos ficando acomodados demais com tantas plataformas ao nosso dispor?

Não negamos que a inteligência artificial, que cresce com diversas startups, oferece, especialmente ao mercado de comunicação, possibilidades incríveis, que podem e devem ser exploradas. Elas, de fato, cumprem papel importante dentro da estratégia de divulgação ou de criação de conteúdo. O que acontece, porém, é que estes recursos são muitas vezes os únicos meios utilizados pelos profissionais, do planejamento à execução do seu objetivo. A consequência são resultados medíocres.

Afinal, plataformas de inbound ou e-mail marketing não converterão leads se não tiverem conteúdo relevante. Aplicativos de marketing de influência não trarão resultados se analisarem apenas números inflados e se o influenciador identificado não estiver em sintonia com os valores da empresa ou da ação a ser desenvolvida. Estratégias em redes sociais não valerão se o conteúdo compartilhado for de fonte duvidosa. Storytelling também não é nada sem uma história realmente envolvente. Para utilizar cada uma destas tantas ferramentas, deve existir um pensamento crítico e faro apurado para tirar o melhor proveito dos recursos disponíveis e, consequentemente, melhores resultados.

O que vemos hoje é esta grande facilidade proporcionada pelos avanços digitais se transformar em comodismo. Falta checagem de notícias, faltam profissionais atuando em áreas carentes, porque alguns empresários entendem que a ferramenta faz tudo sozinha (e não faz), falta a análise humana dos fatos, sem dependermos somente do cálculo de algum algoritmo.

Acredito muito no nosso "feeling", e as máquinas ainda não substituem isso. Temos acesso a ferramentas maravilhosas para fazer mais e melhor, mas sem nosso contato pessoal, nosso olhar questionador, nosso senso crítico e nossa observação, não conseguiremos voar mais alto. E então, o que seu "feeling" te diz pra fazer hoje?

Andressa Griffante é jornalista e diretora da agência RSBloggers.

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