Entretenimento e humor

Por Gabriel Bocorny Guidotti

Na onda dos youtubers
Há poucos anos atrás, uma pessoa ter um canal de televisão próprio era uma ideia inconcebível. O mundo mudou, as tecnologias mudaram, e agora há milhões de canais espalhados pelos confins da internet. No caso do Youtube, a plataforma se profissionalizou ao ponto de usuários fazerem dinheiro com seus vídeos virais de entretenimento e humor.
Os chamados youtubers fazem caras e bocas. Não medem as palavras, falam o que vem à cabeça. E recebem uma audiência bárbara. Os mais famosos alcançam milhões de seguidores e conquistam espaço fora da internet. Apresentam eventos, estrelam peças e ganham polpudos contratos publicitários. Suas faces estão estampadas por aí, em diversos lugares, atraindo a atenção mesmo de quem não os acompanha.
Comparado à televisão, o custo de produção de um canal no Youtube certamente é muito inferior. Basta uma boa câmera, iluminação e um potente computador para a edição. A linguagem é característica. Na TV, a programação é construída por imagens, entrevistas, etc. No Youtube, a edição dá o ritmo do humor. Os vídeos são coloridos com dezenas de efeitos que tornam o material divertido, para dizer o mínimo.
Sem edições bem-feitas, não haveria youtubers. Todo o humor que eles compartilham reside em corte irônicos, até mesmo dramáticos, que reúnem recursos de áudio, efeitos especiais e inclusive outros vídeos. O sucesso de dezenas de canais confirma essa tese. O sucesso, a bem da verdade, reside menos no conteúdo e mais na forma como os editores incorporam, ao vídeo, altas doses de humor.
Três características essenciais dos youtubers
Cada youtuber apresenta estilo próprio, mas a linguagem entre todos é semelhante. Vejamos algumas características presentes nos canais de maior sucesso.
1) Abertura. Os youtubers tem como chamada um bordão. Júlio Cocielo, do Canal Canalha, saúda seus seguidores com um sonoro palavrão. Kéfera Buchmann, do canal 5minutos, fala alegremente: "Oi, gentiiiiii". Talvez o mais característico seja Pedro Afonso Rezende, do canal Rezendeevil, que sempre inicia seus vídeos com: "Fala, moleques e bonecas". Uma boa chamada vira marca registrada.
2) Câmera "vem comigo". Há dezenas de canais da internet que não conseguem se desvincular do "formato televisão", isto é, entrevistas, reportagens e imagens de fundo para ilustrar a produção. Essa linguagem acaba sendo seletiva. A câmera "vem comigo", na qual youtubers gravam com um celular ou com uma câmera manual, tem se mostrado muito mais atrativa na web. A perspectiva de quem grava, diferentemente da TV, ganha destaque. O cinegrafista e o repórter convergem em um só.
3) Conteúdo trivial. Os youtubers não tem a pretensão de mudar o mundo. Eles querem é visualizações. Desse modo, ganham dinheiro e repercussão. O conteúdo é trivial, "bobinho". Há exagero nas palavras de baixo calão. Os títulos dos vídeos, por exemplo, visam ao clique. Não raro, tais títulos nada têm a ver com o teor da produção. É também por isso que, terminado o vídeo, eles imploram por inscrições e likes no canal.
Gabriel Bocorny Guidotti é jornalista e escritor e está à frente do site http://gabrielguidotti.wordpress.com/

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