Eu existo?

Por Renata Rubim* Minha pergunta não tem nada de skakespeareana, nem de existencialista ? é puramente técnica. Minha categoria parece não existir apesar de …

Por Renata Rubim*
Minha pergunta não tem nada de skakespeareana, nem de existencialista - é puramente técnica. Minha categoria parece não existir apesar de eu trabalhar, criar resultados e gerar empregos. Além de pertencer à uma profissão não reconhecida e regulamentada - a dos designers - até neste meio parece que a minha atividade não existe e, portanto, sou uma profissional "fantasma" e/ou marginal.
Os designers discutem e discutem aspectos vitais desta maravilhosa e também vital atividade profissional que se chama DESIGN, classificam e sub-classificam as diversas áreas, reclamam o desconhecimento da comunidade em relação à importância do trabalho realizado e eu continuo não existindo. Não existindo no vasto e rico universo do design.
Por que? Sou designer de superfícies, apaixonada pelo meu trabalho, seriamente empenhada em fazê-lo bem e também em compartilhá-lo (em cursos e oficinas), mas minha classe, meus colegas, não reconhecem o meu fazer como uma parte deste universo.
A entidade que reúne os profissionais aqui do sul, a APDesign-RS, nunca menciona ou inclui o design de superfície como uma especialidade . O Sebrae, que é um motivo de orgulho e esperança à profissão DESIGN, realiza, concretiza projetos, reuniões e discussões sempre com o objetivo de cada vez mais integrar o designer no mercado de trabalho e contribuir significativamente para o progresso de empresas, ignora totalmente a existência do design de superfície. Este mesmo design de superfície não consta como habilitação na grande maioria dos cursos de formação superior ou técnica.
Houve algum tempo atrás um comitê no PGD da Fiergs para selecionar projetos de estudantes gaúchos a participarem de uma mostra em São Paulo e um dos projetos, de design de superfície (!) criou uma grande dúvida e discussão entre os integrantes do júri que não sabiam se o mesmo era design! O argumento? Segundo fui informada, porque o projeto, uma manta de lã duma indústria gaúcha, não era produto gerado pelos estudantes - apenas a superfície!
Mas então o que é que faço quando pesquiso profundamente todos os fatores envolvidos num projeto, tais como os objetivos e focos da empresa, minha cliente, quando eu estudo e aprendo sobre todo o processo produtivo, materiais e equipamentos envolvidos, quando eu me interesso local, nacional e globalmente pelo mercado consumidor e usuário deste mesmo projeto? Todas estas etapas fazem parte da atividade do desenhador, ou designer, seja qual for a sua especialidade.
Por quê meu trabalho continua sendo solicitado e produz tão importantes resultados aos meus clientes no Brasil e no exterior? Se não existo! E o que faço é "virtual", i-ne-xis-ten-te?
* Renata Rubim é designer, diretora da Renata Rubim Design & Cores.
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