Eu, robô!?

Por Vilson Antonio Romero* No ano 2035, robôs são programados para não fazer mal aos humanos, quase como eletrodomésticos presentes nas residências e todos …

Por Vilson Antonio Romero*
No ano 2035, robôs são programados para não fazer mal aos humanos, quase como eletrodomésticos presentes nas residências e todos confiam neles, exceto um detetive levemente paranóico, que investiga um crime e acredita que um destes robôs é um assassino. O caso o leva a descobrir uma ameaça muito mais aterrorizante à raça humana. Esta é a ficção de Isaac Asimov, transposta para as telas no filme "Eu, robô", pela direção de Alex Proyas, com uma boa interpretação de Will Smith no papel do policial que persegue o robô assassino.
O velho e batido "amansa-burros", dicionário que salva os escribas a todo o momento, define robô como "aparelho mecânico que imita seres humanos, autômato ou mecanismo automático que realiza movimentos e tarefas humanas".
Pois no Brasil político de 2004, há suspeitas que andem em torno de Palácio do Planalto alguns destes mecanismos, tamanha é a aquiescência aos inquilinos da Corte.
Mas parece quererem mais autômatos. Aliciam lideranças e sindicalistas para a estrutura formal do governo. Cooptam o Congresso com verbas e cargos, de maneira mais eficaz do que a anteriormente criticada, inclusive com ágapes majestosos à oposição. Calam os opositores, apesar de coerentes, com a expulsão do partido majoritário. Tentam manietar o Ministério Público no seu poder investigatório, usando os poucos excessos como regra justificadora da mordaça. Tentam controlar a mídia com as verbas disponíveis e com um Conselho espúrio, ao modificarem o texto remetido pela Federação da categoria. Este seria o paraíso do governante: ninguém a contestá-lo, a lançar diatribes aos quatro ventos, a fazer, segundo eles, julgamentos morais - mesmo que sejam apenas críticas pontuais.
Como cortina de fumaça, talvez buscando diminuir a primazia do vice-presidente na crítica aos altos juros que comprimem a atividade econômica, agora lhe fez coro o todo-poderoso ministro-chefe da Casa Civil. Mas lançou também um brado de rebeldia:
- Não sou robô que só faz o que mandam. Além de ministro, sou cidadão, deputado federal e não posso deixar de expressar minha opinião sobre os juros.
Se ele não é robô, levanta-se a presunção de que outros o são ou deveriam sê-lo. Todos quietos sob pena da exclusão, da expulsão, da mordaça, da eliminação perpétua do círculo dos poderosos.
Apesar dos juros altos, há sinais positivos na economia, com o PIB em ascensão, recordes de exportação, risco-Brasil em baixa, níveis de atividade e de emprego crescendo e dólar estabilizado. Espera-se que o governo não atrapalhe. Talvez seja hora de chamar o Will Smith para apanhar os robôs que estão fazendo mal ao Brasil.
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor técnico da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
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