Fenômeno que veio para ficar

Por Madruga Duarte Os gratuitos nasceram na segunda metade dos anos 90, na Suécia. O pioneiro foi o Metro, hoje atuando em 56 países …

Por Madruga Duarte

Os gratuitos nasceram na segunda metade dos anos 90, na Suécia. O pioneiro foi o Metro, hoje atuando em 56 países e com uma circulação diária de mais de 11 milhões de exemplares. Se considerarmos que o jornal de maior circulação do mundo é um japonês - Dai iche Shinbum, com mais de 13 milhões/dia, e que o segundo é outro japonês, o Ashai Shinbum, com mais de 11 milhões/dia, isso situa um gratuito como o terceiro jornal de maior circulação do mundo.


Na Espanha, o primeiro lugar em circulação - não considerando o jornal Marca, que é esportivo - é o 20 Minutos, um gratuito. Em segundo lugar, o Metro, outro gratuito. Em terceiro, o famoso El Pais. Em quarto, o Que, outro gratuito. Em quinto, o também famoso El Mundo. Hoje, lá, os gratuitos respondem por mais de 42% da leitura total de diários. Na atualidade, eles estão presentes praticamente no mundo todo.


O El Pais curvou-se, e lançou o primeiro gratuito digital do mundo, que se chama 24 Horas, e pode ser acessado no site www.elpais.es. É uma experiência curiosa.


No Brasil, o jornal Panorama, de Juiz de Fora/MG, foi o primeiro diário gratuito. Era, antes, um tablóide. Quando se tornou gratuito, quintuplicou sua circulação. Existe, ainda, outra experiência bem-sucedida feita pelo grupo RPC (Gazeta do Povo, de Curitiba). Em Londrina, havia um jornal diário que não deslanchava. Transformaram-no em gratuito, auditado pela Price (o IVC por ora não aceita auditar gratuitos), e agora tem entrega porta a porta de 30 mil exemplares por dia.


Creio que essas informações podem servir para marcar as primeiras impressões sobre essa nova etapa dos jornais. A primeira foi o advento dos chamados "jornalões". A segunda foi a dos "populares". E, a terceira e nova, a etapa dos "gratuitos" - que são vencedores e vieram para ficar. Tenho estudado o assunto desde 1996, quando estagiei na Universidade de Navarra, Pamplona, onde o então reitor foi autor do melhor livro sobre gratuitos do mundo.


O fenômeno passou a ocorrer devido a uma equação simples - se para ouvir rádio e ver TV eu nada gasto, por que tenho de gastar para ler jornais? Isso, associado à perda de poder aquisitivo da maioria das populações, fez surgir a idéia dos gratuitos.

Comentários