Fim de ano bom

Por Vilson Antonio Romero* Chega de ranço e de mau humor! Basta de críticas, construtivas ou não! O ano de 2004 está chegando ao …

Por Vilson Antonio Romero*
Chega de ranço e de mau humor! Basta de críticas, construtivas ou não! O ano de 2004 está chegando ao fim e já devemos contabilizar as perdas e ganhos, que, sem ufanismo, parecem resultar em saldo positivo.
Esquecendo a política, onde houve, na última eleição, empate "técnico" entre os tucanos e os quase neoliberais petistas - segundo as "cassandras" de plantão -, o quadro é bastante alvissareiro.
Os comerciantes estão vibrando com a perspectiva de vendas entre 10% e 20% maiores do que no ano passado. Sinal evidente de que os consumidores recuperaram um pouco o poder aquisitivo ou parte deles obteve emprego ou renda melhores. As estatísticas convalidam os alegres sinos natalinos: a taxa de 10,5% de desemprego é a mais baixa desde 2001, em decorrência das mais de 1,8 milhão de vagas criadas no mercado formal de trabalho.
Outros números tranqüilizam o mercado: a cotação do dólar estabilizou abaixo dos R$ 2,80, o barril de petróleo elevado já repercutiu seus efeitos no bolso da classe média, a Bolsa de Valores de São Paulo não pára de bater recordes e o risco-país voltou ao patamar inferior ao do início do ano, na casa dos 411 pontos.
Não obstante tudo isto, a arrecadação de impostos ultrapassa metas, num sinal evidente do esforço dos agentes do Estado e da recuperação da economia, atestada pelo crescimento de 5,3% no Produto Interno Bruto - melhor marca em oito anos - e um saldo na balança comercial superior a US$ 30 bilhões.
Ainda são ouvidas, com justa razão, queixas pela alta taxa de juros e pela paquidérmica carga tributária, mas mesmo assim vemos um pouco melhor o túnel que inicia em 2005.
No lado social, permanecem latentes e nebulosas as pretendidas reformas no setor sindical e na legislação trabalhista, assim como no arcaico sistema tributário. Continuam escancaradas as veias das carências sociais, a necessitar de atenção e, principalmente, de mais, muito mais recursos.
Segundo analistas, não há ainda sinais evidentes de que estejamos vivenciando um ciclo de crescimento ou provas de, como dizem os críticos do atual governo, que seja somente um vôo de galinha - de curto alcance e pouca altura -, mas não podemos olvidar que a circunstância internacional, com crescimento mundial sincronizado, teve sua parcela de contribuição na melhoria dos cenários internos.
Há que se ter a preocupação em manter a rota de evolução dos indicadores nacionais de renda, emprego, produção e, acima de tudo, qualidade de vida, onde ainda continuamos, definitivamente, deixando a desejar. Mesmo assim, até os ocupantes do Planalto comemoram: a avaliação ótima e boa do governo Lula subiu para 41%, sinalizando o movimento de recuperação da popularidade.
Neste contexto, apesar das discussões públicas sobre "heranças malditas", "tigres de papel" e "competência ou não", travadas entre tucanos e petistas, a cota de sorrisos e sonhos a serem realizados parece será maior neste fim de ano bom?
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, auditor fiscal da Secretaria da Receita Previdenciária, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
[email protected]

Comentários