Imprensa livre sempre!

Por Vilson Antonio Romero

Lamentável que tenhamos que prantear mais vítimas neste 3 de maio, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. Apesar de a data celebrar o direito de todos os profissionais da mídia de investigar e publicar informações de forma livre e isenta, os cenários nacional e internacional seguem extremamente preocupantes.

A edição deste ano do Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa, da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), deixa evidente que há um recrudescimento do ódio ao jornalismo e aos jornalistas, num atentado claro à democracia e à Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Declaração esta que reza, em seu artigo XIX, que: "Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras".

Os recentes atentados do final de abril no Afeganistão são a demonstração mais terrível do quão penosa e mortífera é a atividade dos profissionais da comunicação. Dez jornalistas e fotógrafos foram assassinados em ataques coletivos e individuais num único dia na capital Cabul e em localidades afegãs.

Mesmo assim, não podemos nem devemos esmorecer. Temos que seguir na luta constante em defesa do bem informar, tentando cada vez mais aproximar o Brasil e o mundo daquilo que representam hoje Noruega, Suécia e Holanda que ponteiam a classificação mundial da liberdade do trabalho da imprensa, como países modelares do bem informar e da atuação livre dos jornalistas.

Entre 180 países analisados estamos muito longe da metade do caminho. O Brasil avançou em 2018 uma posição, passando para 102ª posição, sendo enquadrado como um país com "ambiente de trabalho cada vez mais instável".

A RSF realça que "a ausência de um mecanismo nacional de proteção para os repórteres em perigo e o clima de impunidade - alimentado por uma corrupção onipresente - tornam a tarefa dos jornalistas ainda mais difícil no Brasil. Em um contexto de forte instabilidade política, ilustrado pela destituição de uma presidente em 2016 e pela incerteza que envolve a corrida presidencial de 2018, a liberdade de informação está longe de ser uma prioridade para os poderes públicos".

A organização se vale também do levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) que registrou em 2017 com 99 casos de violência contra profissionais da comunicação.  

Ainda há muito a ser feito, mas a sociedade deve permanecer atenta, com os poderes constituídos e organizações sociais articuladas e vigilantes, pois o que está em jogo é o seu direito de ser bem informada sobre o que ocorre no País e no mundo. Imprensa livre sempre!

Vilson Antonio Romero é jornalista, diretor de Direitos Sociais da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) e conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

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