Jornalismo, profissão perigo

Por Vilson Antonio Romero Em 1993, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (Onu) proclamou 3 de maio como o Dia Internacional da …

Por Vilson Antonio Romero

Em 1993, a Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (Onu) proclamou 3 de maio como o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa (decisão 48/432 de 20 de Dezembro). A iniciativa resultou da aprovação, em 1991, pela Conferência Geral da Unesco, de uma resolução sobre a promoção da liberdade de imprensa em todo o mundo que reconhecia que uma imprensa livre, pluralista e independente era componente essencial de qualquer sociedade democrática.


A Conferência Geral transmitiu à Assembléia Geral o desejo dos Estados Membros da Unesco de que 3 de maio fosse proclamado Dia Internacional da Liberdade de Imprensa. Esta data comemora a Declaração de Windhoek para Promover uma Imprensa Africana Independente e Pluralista, aprovada em 3 de Maio de 1991 pelo Seminário sobre o mesmo tema, organizado pela Unesco e pela Onu, em Windhoek, na Namíbia. Esta data, juntamente com Dia do Jornalista, transcorrido em 7 de abril, e o Dia da Imprensa, em 1º. de junho, devem servir como renovado ponto de reflexão dos proprietários e profissionais da comunicação social, nas suas diversas mídias - jornal, revista, rádio, televisão e Internet -, bem como da sociedade em geral. O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa e o Dia da Imprensa relançam o debate sobre as condições de trabalho dos profissionais encarregados de levar a matéria-prima informativa aos cidadãos de todo o planeta.


Lamentavelmente, o barômetro da Liberdade de Imprensa, da organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras (www.rsf.org), com sede em Paris, registra até o final de abril, 30 mortes e 129 prisões de jornalistas e colaboradores, neste ano de 2007.


Esta contabilidade funesta sucede 2006, o ano mais letal da história para os comunicadores, superando a marca da centena de perdas. No Memorial aos Repórteres, inaugurado em 2 de maio na cidade de Bayeux, na Normandia, França, estão gravados os nomes de 1889 jornalistas que perderam a vida no exercício da "profissão perigo" desde 1994.


Estes números consolidam a idéia professada de que liberdade de imprensa não é algo normal no mundo. Ela claudica, inclusive no Brasil. Aqui, apesar de um reduzido número de mortes, embora a trágica ocorrência recente no interior de SP, com a morte de Luiz Barbon, do Jornal do Porto, há uma profusão de manifestações da Justiça condenando ou absolvendo ofendidos e ofensores através dos veículos de comunicação.


Há que se seguir chamando a atenção para a relevância da livre circulação de informações e da existência de espaços para manifestação de idéias e pensamentos. A preservação destas liberdades contribui diretamente para o desenvolvimento das nações, disse, em nota, a Associação Riograndense de Imprensa, o que acompanha o pensamento de todas as entidades nacionais e internacionais sobre o tema no início deste mês de maio.


Os profissionais que, todos os dias, arriscam suas vidas para bem informar de forma equilibrada sobre os fatos que os cercam, devem receber o respaldo da sociedade, pois sem uns e sem outra, nunca prosperará a democracia e a cidadania, na sua essência. Devem ser repudiadas situações como a que ocorre no Iraque, recordista de morte de jornalistas, ou nas nações africanas Gâmbia e República Democrática do Congo que juntamente com Rússia e Cuba são os países onde mais periclita a liberdade de imprensa. Deve ser sempre elevada a bandeira da liberdade de expressão e de imprensa, sem esquecer, obviamente, o limite da responsabilidade no trato da coisa pública e das individualidades. Devem ser protegidos os profissionais, de modo a não continuarmos a contabilizar perdas na "profissão perigo".

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