Por Martha Alves d´Azevedo <[email protected]>
No momento em que se volta a discutir no Brasil sobre a necessidade de jornalistas terem curso superior específico na área, é importante recuperar algumas informações históricas para contextualizar e, quem sabe, entender melhor o assunto.
A Nova Ordem Mundial da Informação e da Comunicação (NOMIC) surgiu como uma necessidade
do
mun
do
atual a partir de estu
do
s efetua
do
s pelos peritos mundiais sobre as desigualdades existentes no fluxo internacional da Comunicação. Os Esta
do
s membros da Organização das Nações Unidas (ONU), reuni
do
s de 09 de abril a 02 de maio de 1974, por ocasião da 16ª sessão extraordinária da Assembléia Geral, proclamaram solenemente sua"? determinação comum de trabalhar urgentemente para a instauração de uma nova ordem econômica internacional fundada sobre a equidade, a igualdade soberana, a interdependência, o interesse comum e a cooperação entre to
do
s os Esta
do
s, independentemente se seu sistema econômico e social, que corrigirá as injustiças atuais, permitirá eliminar o fosso crescente entre os países desenvolvi
do
s e os países em vias de desenvolvimento, e assegurará na paz e na justiça às gerações presentes e futuras um desenvolvimento econômico e social que irá se aceleran
do
".
Um primeiro estu
do
produzi
do
pelos peritos da Organização, destinado a suscitar a reflexão no seio
do
sistema das Nações Unidas e nos Esta
do
s que faziam parte das organizações governamentais, foi divulga
do
por ocasião
do
30º aniversário da Unesco (Organização Educativa, Cientifica e Cultural das Nações Unidas), e publica
do
em 1976, sob o titulo: "Le Monde a Devenir". O estu
do
faz um alerta: "A comunidade internacional devia prestar tanta importância ao equilíbrio e à diversidade
do
s fluxos de informação, como ao exame atento ao conteú
do
desta informação".
Dia 22 de novembro de 1978, na 20ª reunião da Conferência Geral da Unesco, foi apresentada "A Declaração sobre os princípios fundamentais relativos à contribuição
do
s Meios de Comunicação de Massa ao fortalecimento da paz e da compreensão internacional, da promoção
do
s direitos humanos e da luta contra o racismo, o apartheid e da incitação à guerra". O
do
cumento apresenta
do
aos representantes de mais de cem países com assento na Unesco foi aclama
do
de pé pelos presentes. O sr. Ama
do
u-Mahtar M´Bow, diretor geral da organização, depois de dizer que a Declaração foi um elemento central da 20ª reunião da Conferência Geral, e, de agradecer a ovação com a qual foi aprovada, continuou:
"Durante oito anos os delega
do
s à Conferência Geral, os peritos e os especialistas vin
do
s de to
do
s os horizontes e de to
do
s os países multiplicaram as reuniões, as consultas, as entrevistas; acumularam projetos, contra projetos e emendas, sem que a comunidade internacional pudesse chegar a um acor
do
sobre o texto. Este acor
do
se concretizou no curso da presente reunião". E concluin
do
, afirmou: "Nada ilustra melhor a vitalidade de nossa Organização; nada confirma mais a vontade de concórdia de seus Esta
do
s membros, como a aprovação de uma Declaração de ín
do
le, que pertence d´agora em diante à toda a humanidade".
A 11 de maio de
1979, a
Associação Norte-Americana
do
s Editores de Jornais e a Sociedade Norte-Americana de Jornais, duas organizações jornalísticas, escreveram ao irlandês Sean MacBride, jornalista laurea
do
com o Prêmio Nobel, que chefiava a comissão da Unesco encarregada de estudar os problemas de comunicação
do
mun
do
, expressan
do
sua preocupação e sua critica ao relatório provisório da comissão. O que mais preocupava os jornalistas norte-americanos era o fato de que grande parte da linguagem que suscitara controvérsia, e que fora eliminada da minuta da declaração, aprovada na 20ª Conferência Geral da Unesco, realizada em novembro
do
ano anterior em Paris, reaparecia no relatório provisório da Comissão MacBride. Como exemplo citavam a frase "uma nova ordem de informação mundial", que aparecia repetidas vezes no relatório. Diziam ser ela usada com freqüência pelos representantes
do
Terceiro Mun
do
, muitos
do
s quais acreditavam num fluxo equilibra
do
de informações "o que as nações ocidentais interpretam como divulgação da propaganda
do
governo sob o disfarce de noticiários".
Dia 19 de maio de 1980, noticia procedente de San José da Costa Rica informava que a Assembléia Semestral da AII (Associação Interamericana de Imprensa) condenava planos da Unesco para os meios de comunicação.O presidente da Associação, George Beebe, diretor aposenta
do
de Miami Herald, afirmava, em noticia veiculada no jornal O Esta
do
de S.Paulo, que "não há possibilidade de um acor
do
sobre a proposta da Unesco estabelecen
do
pautas para a conduta da imprensa internacional".
Em outro
do
cumento aprova
do
no encontro de San José, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou a obrigatoriedade de formação universitária especializada e registro formal em órgãos públicos para jornalistas exercerem sua profissão, como acontece atualmente em pelo menos sete países americanos, entre os quais o Brasil. O
do
cumento "reafirma a posição da SIP contra a existência de leis que obriguem os jornalistas a se registrarem ou a se sindicalizarem; condena qualquer forma de restrição ao livre exercício
do
jornalismo" e "solicita aos governos em questão que modifiquem essas leis".
Noticia procedente de Paris, veiculada dia 24 de maio de 1980 informa: "A comissão criada pela Unesco para estudar a questão da difusão internacional de noticias e comunicações, divulgara na véspera seu controverti
do
Relatório Final. O
do
cumento deveria ser o tema central
do
s debates da Conferência Geral da Unesco em outubro, em Belgra
do
, na 21ª Assembléia Geral em
1980. A
Conferência Geral estabeleceu certas considerações entre as 11 propostas, sen
do
a 1ª)-Eliminação
do
desequilíbrio e desigualdades que caracterizam a presente situação; e a 10ª)- respeito pelo direito de to
do
s os povos de participar nas trocas internacionais de informação na base de igualdade, justiça e benefício mútuo.
Informações procedentes de Paris, e veiculadas a 23 de maio de 1985 noticiam que a Unesco levantou o tema sobre a nova ordem informativa mundial e foi advertida por vários países nela representa
do
s de que o debate sobre o assunto não devia ser reinicia
do
, lembran
do
que as propostas de mudança na ordem internacional de informação provocaram a retirada
do
s Esta
do
s Uni
do
s (1984), seguida pela Inglaterra (1985). A SIP continuou a se reunir periodicamente e a reafirmar suas convicções em relação à liberdade de imprensa.
Em março de
2009, a
Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), reuniu-se em Assunção, no Paraguai. A agência France Press (AFP), informou que segun
do
o relatório da SIP, "A liberdade de imprensa piorou nas Américas nos últimos anos" e cita o Brasil entre os países que seguem o modelo
do
presidente venezuelano Hugo Chávez de controle
do
s meios de comunicação. Continuan
do
, o relatório da SIP declara que a tática chavista foi a
do
tada "entusiasticamente" por outros chefes de Esta
do
do
hemisfério, mencionan
do
como praticantes da "tática" chavista o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, a argentina Cristina Kircher, o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Correa, o colombiano Álvaro Uribe, o nicaraguense Daniel Ortega, o hondurenho Manuel Zelaya, o costa-riquenho Oscar Arias e o gualtemalteco Álvaro Colom. A SIP denunciou ainda que os governos vêm usan
do
de forma alarmante a publicidade para premiar a imprensa "amiga", e punir a inimiga, assim como investimento maciço em emissoras de rádio e televisão e publicações.
No momento em que se volta a discutir no Brasil sobre a necessidade de jornalistas terem curso superior específico na área, é bom lembrar a afirmação
do
desembargador de Justiça da França, Louis Joinet: "Informação é poder, e informação econômica é poder econômico. A informação tem um valor econômico e a habilidade para estocar e processar certos tipos de da
do
s, poden
do
bem dar a um país vantagens políticas e tecnológicas sobre outros países. Isto por sua vez pode conduzir a uma perda de soberania nacional através
do
fluxo supranacional de da
do
s".