Mais cores em 2005

Por Vilson Antonio Romero* Os primeiros anos do século XXI ainda não melhoraram a fotografia panorâmica do Planeta. A fome, a pobreza, os conflitos …

Por Vilson Antonio Romero*
Os primeiros anos do século XXI ainda não melhoraram a fotografia panorâmica do Planeta. A fome, a pobreza, os conflitos étnicos, as calamidades sanitárias, o crime organizado e o terrorismo continuam grassando nos mais diversos e recônditos rincões dos cinco continentes.
No Oriente Médio, a população se divide em apoiar as posições do Hamas, do Jihad Islâmico, da OLP ou da ANP, numa briga que parece não ter fim, nem com a morte de Yasser Arafat. O Iraque permanece em ebulição sanguinária. A cada dia, atentados e emboscadas matam militares e civis de lado a lado.
As Coréias do Sul e do Norte ainda têm um longo caminho a percorrer na direção da harmonia nas relações, enquanto no Paquistão o terrorismo continua matando, bem como, na Espanha, deixando em eterno alerta seus habitantes, pelas ações estúpidas do ETA.
Na África, a fome, as minas terrestres e a AIDS são os percalços de um povo sofrido, onde a etnia e a segregação racial aquecem mais o caldeirão que impulsiona para os conflitos, como o que ocorre no Congo.
Nas Américas, o para-militarismo e a guerrilha imperam na Colômbia, o lixo, os porcos e a lama invadem as casas dos haitianos, quase 20 milhões de trabalhadores estão desempregados e as incertezas dominam a maioria dos países. Exceção feita ao grande xerife do Norte, sob comando reeleito, onde economia e sociedade prosperam a olhos vistos, sem concorrência.
Para dar mais negritude a este retrato em preto e branco, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que mais da metade dos 2,8 bilhões de trabalhadores do mundo vive abaixo da linha de pobreza. São 1,4 bilhão de pessoas sobrevivendo - se é possível assim dizer - com até US$ 2 por dia.
Destes, 550 mil dispõem de menos de US$ 1 para seu sustento diário.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em seu relatório anual, aterroriza: uma criança morre de fome no mundo a cada cinco segundos. Ou seja, cinco milhões de pequenos inocentes famintos sucumbem a cada ano.
A FAO acrescenta que 852 milhões de terráqueos passam fome, sendo a maioria nos países em desenvolvimento, como China, Bolívia e Angola.
Em sã consciência, nenhum de nós gostaria de fazer a retrospectiva de 2005 com estas mesmas notícias e estatísticas, apesar de sabermos que a maior parte destes problemas - terrorismo, guerras, desemprego, fome e pobreza - não muda de figura em 365 dias.
Lembrando Gandhi ("Todos devemos ser a mudança que queremos ver no mundo"), podemos, cada um de nós, dar a contribuição para que trilhemos a senda do próximo ano com mais cores, fazendo o possível e o imaginável para um melhor 2005.
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, auditor fiscal da Secretaria da Receita Previdenciária, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor técnico da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
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