Não se aliene: vote!

Por Vilson Antonio Romero* Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão falecido em 1956, professava que "o pior analfabeto é o analfabeto político". Nesta época …

Por Vilson Antonio Romero*
Bertolt Brecht, dramaturgo e poeta alemão falecido em 1956, professava que "o pior analfabeto é o analfabeto político". Nesta época que antecede o embate eleitoral de 3 de outubro, cabe uma reflexão acerca disto.
O Laboratório de Observação Social (Labors), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, há algum tempo, entrevistou centenas de porto-alegrenses, originários de um dos estados tidos como mais politizados do Brasil e obteve resultados surpreendentes.
Apesar de 51% das pessoas consultadas declararem que exerceriam seu direito de voto, em caso de ser eliminada a obrigatoriedade, a maioria, 57,7%, afirmou não se interessar ou se interessar muito pouco por política. Como disse Brecht: "Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas".
A dicotomia capitalismo-socialismo também foi auscultada, sendo que as opiniões positivas e negativas sobre um ou outro regime ou sistema se dividiram: o capitalismo obteve sinalizações favoráveis de 27% dos entrevistados e negativas de outros 21,9%, enquanto que o socialismo teve opiniões positivas de 31,7% e negativas de 20,1%. Já os conceitos de neoliberalismo e globalização são desconhecidos por mais de um terço da população.
Do ponto de vista partidário e ideológico, 57% responderam que não simpatizam com nenhum partido, ao mesmo tempo que 67,7% também não antipatizam. Segue Brecht: "Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nascem a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".
O mais estarrecedor é a resposta ao questionamento sobre regime de governo:

22,7% afirmaram que "às vezes, uma ditadura é melhor que uma democracia" e outros 6,6% disseram que "tanto faz uma democracia ou uma ditadura".
Se tudo isto acontece no coração dos RS, imagine-se o que pode ocorrer nos bretes e currais eleitorais espalhados recantos inóspitos de nosso Brasil. Talvez seja por isto que surjam seguidamente tantos políticos nefastos e inescrupulosos. São necessárias atitudes concretas para aculturarmos nosso povo e aproximá-lo da vivência política, apesar de, na maior parte das vezes, a luta diária pelo prato de comida impedir que os olhos mirem em outras direções. Os próprios atores da cena política têm de ser os primeiros a catalizar a população para a sua honestidade, transparência e credibilidade, impedindo prosperar a figura criada pelo dramaturgo alemão: "O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política"? Não se aliene: vote! O destino de sua cidade está em suas mãos!
* Wilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor da Fundação Anfip de Seguridade Social.
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