O joio da corrupção

Por Vilson Antonio Romero* Inúmeros fatores são apontados pelo empresariado como obstáculos ao investimento privado e à captação de recursos ? internos e externos …

Por Vilson Antonio Romero*
Inúmeros fatores são apontados pelo empresariado como obstáculos ao investimento privado e à captação de recursos - internos e externos - que alavanquem setores econômicos no País. Além da carga tributária que já beira os 40% do Produto Interno Bruto (PIB), da elevada taxa de juros e dos custos de formalização do emprego, revelam os empresários a preocupação com a incerteza jurídica e, além disto, com a corrupção.
A corrupção também foi mencionada por 67% dos entrevistados em pesquisa realizada em 53 países pelo Banco Mundial como um dos empecilhos à atraçãode

investimentos privados.
Lamentavelmente, não passa dia em que não seja noticiada a ocorrência de fraude ou evento de corrupção envolvendo as mais diversas categorias profissionais, em particular no setor público. Ora é o supervisor do Bolsa-família, ou o prefeito recém-eleito, ou a descoberta de dinheiro "lavado" lá fora? A cada momento pipocam situações escandalosas, que afrontam a cidadania. Se, por um lado, a revelação da corrupção tem relação direta com seu combate, o quadro segue preocupante.
Apesar de Comissões formais como as CPIs do Banestado, da Loterj, dos Combustíveis, entre inúmeros outras, exteriorizarem exemplos provados de extorsão, corrupção e desvio do dinheiro público, há que se mobilizar a sociedade contra este cancro que emperra o progresso.
Se algumas providências já foram tomadas pelo governo federal, como a instalação de um conselho de combate à corrupção e a intensificação das ações da Controladoria Geral da União, a ONG Transparência Internacional divulga números que indicam o país como ainda detentor de alto grau de corrupção.
O Índice de Percepção de Corrupção 2004, que avalia 146 países, através de levantamento junto a analistas e empresários, coloca o Brasil na 59ª posição. A situação é tão grave que estamos atrás de nações como Costa Rica, Tunísia, Botsuana, África do Sul e Namíbia, entre outros de menor expressão, bem como do Chile e Uruguai, na América do Sul.
O enriquecimento ilícito, a improbidade administrativa, assim como a pequena propina - que, às vezes pensamos não ter importância, mas que impulsiona o malfeitor para a pedida mais alta - devem ser combatidas, contestadas, reveladas com firmeza, determinação, num trabalho consciente de cidadania.
Mas, obviamente, sem generalizações, sem "caças às bruxas", lembrando que o joio corrupto é minoria no meio do trigo frondoso dos agentes públicos honestos, dedicados e probos.
* Vilson Antonio Romero é jornalista, administrador público, auditor fiscal da Secretaria da Receita Previdenciária, conselheiro da Associação Riograndense de Imprensa e consultor técnico da Fundação Anfip de Estudos da Seguridade Social.
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