O que a semiótica diz sobre as campanhas de Marchezan e Melo?

Por Ariane Xarão

Às vésperas de 2º turno do pleito para a prefeitura de Porto Alegre, Marchezan e Melo evidenciam muito de si em suas campanhas. Na tentativa de sintetizar e corroborar pontos importantes de suas posturas e convicções políticas, os candidatos constroem suas imagens na contradição novo versus experiente, ao mesmo tempo em que agregam aos seus discursos os sentimentos de amor e carinho como promessas aliadas à esperança de tempos melhores.
Em sua campanha publicitária, o candidato Marchezan contextualiza o cenário político como demarcado pela descrença e sugere compreender o impacto disso no coração dos eleitores: "eu sei que dói aí dentro do peito". Diante do cenário apresenta uma solução ao eleitor descrente, uma nova maneira de fazer política. Porto Alegre é enaltecida como cenário e os porto-alegrenses convocados para fazerem diferente. Para tal, elenca três características pessoais que sugere serem lembradas no momento do voto: coragem, seriedade e transparência. Posteriormente alia sua postura com áreas que entende como importantes de serem melhor assistidas: segurança, educação, saúde. Seu nome é sugerido como sinônimo de "nova atitude" e "novo tempo" ao mesmo tempo em que garante que as promessas não são/serão vãs. E, mais uma vez, convoca os eleitores a fazerem um hoje e um amanhã juntamente com os seus ideais de candidato e figura política.
A campanha publicitária do candidato Melo sugere um movimento e um sentimento de coletividade e pertencimento, sob ponto de vista otimista: "por uma cidade melhor, por uma vida melhor, todo mundo é Porto Alegre". O candidato deixa claro que "conhece a cidade" e "conhece os caminhos", do território e da política, e sugere uma gestão para todos. Coloca-se como igual diante de seus eleitores: "é gente como a gente", convoca as gírias "ruim" e "caô" como forma de se mostrar acessível. Afirma não desanimar diante do adverso ao mesmo tempo em que elenca características pessoais como: experiência e atitude, sendo a última necessária para corrigir percursos, "fazer diferente". Evidencia que é o mais preparado e apresenta elementos afetuosos em seu discurso: felicidade, cuidado, carinho e abraço, importantes à construção da atenção e cuidado com o outro.
Duas construções distintas, com pontos incomuns. A primeira com ênfase racional, a segunda emocional. A primeira com construção de estrutura aristotélica, a segunda com ênfases e repetições dos pontos mais importantes do discurso. As duas demarcando modos de ser e fazer comunicação e política.
Ariane Xarão é publicitária e pesquisadora, mestre em Comunicação Midiática: mídias e estratégias comunicacionais.

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