Os 100 livros da década

Por Braulio Tavares O “Times Online” escolheu há pouco tempo os 100 melhores livros da década que se finda. Eu percorro essas listas com …

Por Braulio Tavares
O "Times Online" escolheu há pouco tempo os 100 melhores livros da década que se finda. Eu percorro essas listas com várias finalidades. Uma delas é descobrir algum livro que pode me interessar. Certos autores que hoje me encantam foram encontrados assim.  Não é que eu vá atrás de elogios.  Elogios entram por um olho e saem pelo outro. Mas às vezes um jornalista consegue fazer a sinopse certa, a descrição certa de um livro, aquela que basta a gente ler para ter certeza (logo confirmada) de que vai gostar daquilo.  Quando a descrição é boa, o cara pode até estar dizendo que o livro é uma droga, pra mim é irrelevante.
Outra finalidade é constatar como sou desinformado. De um escritor profissional, mesmo do 3 o. Mundo, talvez se espere que ele tenha lido pelo menos 20 ou 30 dos melhores livros da década, afinal teve dez anos para se informar, correr atrás, ficar em dia. Não é o meu caso. Dos cem livros mencionados pelo "Times" (aqui: http://tinyurl.com/y8783kt), que incluem obras de ficção e de não-ficção, em diversos gêneros (incluindo poesia, ensaio, biografia, etc.), li apenas quatro: "Cloud Atlas", de David Mitchell (em 66 o lugar); "Crônicas, vol. 1", de Bob Dylan (em 33 o); "O Código da Vinci", de Dan Brown (em 10º); e "Dreams from my Father", de Barack Obama (em 3 o). Pouco, muito pouco para uma década inteira, ainda mais se percebermos (pelo livro de Dan Brown) que o critério de seleção não é apenas qualidade literária, mas repercussão junto ao público (há um "Harry Potter" e um "Crepúsculo" na lista).
Os redatores do "Times" consideraram o melhor livro da década o terrível e ominoso "A Estrada", de Cormac MacCarthy, a história de um pai e um filho vagueando na paisagem brutal de uma América pós-apocalíptica. Tecnicamente, portanto, trata-se de um livro de ficção científica, embora os críticos prefiram morrer a admiti-lo, uma vez que para eles o uso de temas da FC impossibilita alguém escrever boa literatura. Outros títulos já foram traduzidos e publicados no Brasil, como a HQ "Persépolis", de Marjane Satrapi (em 2 o lugar); "A Vida de Pi", de Yann Martel (em 7 o); "Atonement", de Ian MacEwan (em 9 o); "Lendo Lolita em Teerã", de Azar Nafisi (em 14 o); "Deus, um Delírio", de Richard Dawkins (em 15 o); "A Luneta Âmbar", de Philip Pullman (em 22 o); "O Caçador de Pipas", de Khaled Hosseini (em 30º); e vários outros.
Confirmada minha ignorância enciclopédica, resta-me apenas sair ganhando pelo outro lado. Anotei para consulta futura, além do livro de MacCarthy: "The Arrival", de Shaun Tan, um dos melhores ilustradores de histórias fantásticas infanto-juvenis-adultas; "White Teeth", de Zadie Smith, uma escritora sobre quem já li muita coisa contra e a favor; "Meu nome é vermelho", de Orhan Pamuk, idem idem; "A Feiticeira de Florença", de Salman Rushdie, autor que geralmente me agrada. "Estou atrasadíssimo nos gregos", como se queixava Drummond, mas não custa nada olhar o que os contemporâneos andam fazendo.

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