Os avisos do Planeta

Por Najar Tubino As informações sobre mudanças climáticas e o aquecimento global estão em todos os veículos de comunicação. O Planeta esquentou 0,8 °C …

Por Najar Tubino

As informações sobre mudanças climáticas e o aquecimento global estão em todos os veículos de comunicação. O Planeta esquentou 0,8 °C nos últimos anos, uma mudança significativa se levarmos em consideração que mudanças de temperaturas levam milhares de anos para acontecerem. Vivemos uma época interglacial - a última glaciação ocorreu há mais de 12 mil anos -, naturalmente mais quente, e a tendência de resfriamento foi invertida. Tudo conseqüência dos gases estufa - gás carbônico (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e os compostos CFC (cloro, flúor, carbono), uma invenção da tecnologia industrial, não existe naturalmente.


O problema do CFC é que destrói o ozônio (O3), responsável pelo rebatimento da radiação ultravioleta, que prejudica as células de qualquer organismo vivo. Além disso, ele é 10 mil vezes mais potente para reter calor, aumentando ainda mais o aquecimento global. Porém, a questão não é tão simples assim. A atividade da nossa espécie, desde a revolução industrial no final do século XVIII, tem interferido diretamente no funcionamento da atmosfera. A atmosfera do Planeta com 21% de oxigênio, 78% de nitrogênio, 0,0035 gás carbônico, além de argônio e outros gases mais raros, foi definida há pelo menos 700 milhões de anos.


O oxigênio é um reagente, a corrosão e a combustão, são reconhecidos por qualquer pessoa. Ele possibilita a respiração, mas ao mesmo tempo, delimita o tempo da vida.Para se chegar a este nível na atmosfera, aconteceram muitas mudanças e integrações entre microrganismos (bactérias e protistas). Por exemplo, se a percentagem fosse de 15% a respiração estava inviabilizada. Se fosse de 25%, a combustão seria espontânea, e o Planeta virava uma grande fogueira.


Questão Fundamental


A atmosfera é um imenso sistema, pesa cinco bilhões de toneladas, é formada por várias camadas - as três principais são troposfera, estratosfera e mesosfera. Todas as interações acontecem, no máximo, até 80 km de altura. A camada de ozônio se situa entre 30 e 40 km , dependendo da localização - trópico ou pólo.


A questão fundamental que todos deveríamos discutir é: o que fazer para terminar com a interferência na atmosfera. Já. Não para daqui alguns anos. O Protocolo de Quioto assinado por 55% dos países (em termos de emissões de gases estufa), no ano de 1997, está completando 10 anos. Entrou em vigor em 2005, quase na mesma época que deveriam ser registrados os primeiros resultados da redução de 5% dos gases estufa.


No final de 2006, a China, o grande expoente da economia mundial com seus 11% de crescimento e suas mais de 2 mil usinas elétricas movidas a carvão mineral, passou os Estados Unidos e lidera o ranking dos países mais poluidores do Planeta. Os Estados Unidos liberam na atmosfera 25% da poluição mundial. Nenhum deles quer ouvir falar em redução na economia. Esse crescimento a qualquer custo está levando o Planeta para um beco sem saída.


Não podemos esquecer, em primeiro lugar, que o Planeta não tem 2007 anos, ele tem 4 bilhões e 600 milhões de anos. Somente nos últimos 4 milhões de anos, começaram a surgir os nossos antepassados. As mudanças nas temperaturas, com tendências de crescimento acelerado , acontecem pelo registro metereológico desde 1860. Mas os cientistas analisam dados do gelo da Antártica, capazes de avaliar a temperatura nos últimos 700 mil anos. Nunca houve na história do Planeta uma mudança tão rápida.


Planeta Febril


Não é à toa que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na última reunião, realizada na Tailândia em maio, deixou bem claro o seguinte: - O aquecimento do sistema climático é inequívoco, como está evidente nas observações dos aumentos das temperaturas médias globais do ar e do oceano, do derretimento generalizado da neve e do gelo e da elevação do nível global médio do mar.(Tradução do físico Paulo Artaxo, da USP, publicado pela Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa do RS).


Um exemplo: os níveis de gás carbônico antes da revolução industrial eram de 280 ppm (partes por milhão). Depois, subiram para 380ppm e, em 2007 vão bater em mais de 400ppm. São cerca de 10 bilhões de toneladas de CO2 por ano. O gás carbônico demora até 150 anos para se diluir na atmosfera. Dos gases estufa, apenas o metano se altera com a luz solar, vira CO2 e vapor de água, na atmosfera. Ou seja, os gases da revolução industrial ainda estão sobre a nossa cabeça.


O Planeta aquecido, envolto em gases que retém calor da superfície, que deveria voltar ao espaço, expressa a imagem do doente com calafrios, totalmente febril e recebendo mais cobertores.


Ainda assim precisa manter a temperatura média ( 14°C ), o grau de salinidade dos oceanos (6%) - que cobrem 70% do Planeta -,a acidez e a reposição de minerais. Sem isso, a vida para mais de 2 milhões de espécies registradas corre perigo. Lógico que, cada vez mais, a visão antropocêntrica - criada e divulgada por nós -, dita as regras no mundo. O que interessa é a "civilização" e o "progresso econômico". Cada vez mais nos aproximamos das imagens do século XVII, onde o Planeta era o centro do Universo, e tanto o Sol, como os outros corpos estelares vizinhos, giravam em sua volta.


Uma mentira que levou à fogueira alguns sábios e aprisionou Galileu Galilei.


Agora estamos na mesma: o que interessa é o bem estar da civilização - de alguns -, o "homem" é o responsável pela administração da "natureza", enfim, todas as espécies e todos os sistemas estão à nossa disposição, para serem usados, destruídos ou inutilizados. Uma visão tão medíocre que não leva em consideração a integração do Planeta - entre a atmosfera, oceanos, cordilheiras, vulcões e organismos vivos -, responsável pelo seu funcionamento e, que acima de tudo, sempre garantiu a nossa expansão e sobrevivência.

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