Papagaio bom de papo

Por José Pedro Jobim Condenado a 36 anos e 11 meses de prisão, Cláudio Adriano Ribeiro, o famoso assaltante de banco mais conhecido como …

Por José Pedro Jobim

Condenado a 36 anos e 11 meses de prisão, Cláudio Adriano Ribeiro, o famoso assaltante de banco mais conhecido como "Papagaio", é um ícone da cultura gaúcha. Está acima de Paixão Cortes, Bento Gonçalves e qualquer um destes outros coadjuvantes. O cara é bom. De papo, inclusive. Com ele não tem mau tempo. Nem algema apertada. Sua nova fuga do sistema prisional gaúcho, mais precisamente da Penitenciária Estadual do Jacuí (Pej), em Charqueadas, no último final de semana, é apenas mais um capítulo de sua trajetória como um verdadeira lenda dos Pampas. Que Blau Nunes o que?


A verdade, ou como costumo me referir, "ao menos uma delas", é que não cabe agora, tanto por parte das autoridades quanto dos cidadãos, chorar o leite derramado, digo, o preso fugitivo. Pagamos impostos e isso já é mais do que suficiente para encararmos a situação de forma natural, tranqüila. Aliás, deve-se fazer justiça: a fuga de Papagaio é temporária. Terá um fim, certamente. Afinal, ninguém no mundo inteiro é mais especializado em prendê-lo do que a polícia gaúcha.


Em entrevista concedida pela Rádio CBN e reproduzida no site zerohora.com.br neste final de semana, de forma brilhante, o secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, José Francisco Mallmann, adjetivou o ocorrido como uma situação "previsível". Ora, o secretário está perdendo tempo na política. Deve jogar na mega-sena, em cavalos. Depois desta infelicidade verbalizada, penso que seja arriscado por demais até mesmo andar na rua depois das 22h. Minha avó é quem está certa de rezar 25 terços por noite. É a solução. "Resta agora à polícia correr atrás", finalizou Mallmann em nova pérola. "O último que chegar é a mulher do padre", esqueceu de completar.


Em contrapartida, o advogado de Papagaio - curiosa essa frase, não? -, Cláudio Gastão da Rosa Filho, não deixou por menos. "Nunca vi um Estado brigar para que um preso continue cumprindo pena na sua cidade", disse ele, referindo-se ao Rio Grande do Sul. Tem razão o advogado. Aliás, não são poucas as coisas que não vemos no Estado. Infratores na cadeia é apenas uma delas.


Ao contrário de muitos ícones cultura gaúcha, Papagaio não terá seu nome homenageado em alguma rua, avenida ou até mesmo escola do Estado. Na verdade, pouco se especula sobre seu destino. Paradeiro então, nem se fala. O mais certo é que em 27 de junho de 2034, oficialmente a data de término de sua condenação, ainda estaremos acompanhando novos capítulos desta excelente saga. Se Gilberto Braga tomar conhecimento então, quem sabe, o façamos pela TV, afinal, piada de papagaio sempre rende.

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