Publicidade e Auto-estima das meninas

Por Sérgio Capparelli As pessoas gostam de cálculos. Querem saber, por exemplo, quanto tempo o homem passa dormindo no curso de uma vida. Ou falando. …

Por Sérgio Capparelli

As pessoas gostam de cálculos. Querem saber, por exemplo, quanto tempo o homem passa dormindo no curso de uma vida. Ou falando.  Ou então, quanto tempo alguém terá passado na frente da televisão, na base de quatro horas, por dia,  caso morra aos 60 anos.


Uma pesquisa internacional mostrou agora que uma menina inglesa ou norte-americana, ao chegar aos 12 anos, já assistiu a 77.500 anúncios de publicidade. E uma pergunta se fizeram os pesquisadores: tanta exposição à publicidade deixou-as mais ou menos felizes? Em outras palavras, de que forma esses anúncios repercutiram na imagem que essas meninas tinham de si mesmas?


A resposta parece muito difícil, por envolver muito tempo da vida de cada uma delas, mas os pesquisadores afirmaram que existe uma ligação entre as imagens de mulheres, transmitidas nesses anúncios,  e a baixa estima que elas têm de si mesmas.


Esses pesquisadores observaram 2 mil meninas, entre 10 e 14 anos, revelando que 77% delas mostraram-se descontentes consigo mesmas, achando-se gordas, feias ou deprimidas na frente de belos modelos dos anúncios publicitários. Em resumo, elas se desprezavam, por se sentirem inferiores enquanto mulheres.


A pesquisa foi feita por ocasião do lançamento de produtos de beleza da empresa Dove. Eles queriam mostrar que é possível fazer anúncios de bom gosto, que não causam traumas. E por outro lado, denunciar a pressão extrema a que são submetidas as meninas desde a mais tenra idade.


De fato, todos os anúncios prometem uma mulher mais inteligente, mais bonita, mais jovem, mais leve e mais decidida. E isso tudo junto,  é um peso para as meninas.  Nem sempre a imagem mostrada é atingível.  E depois de tantas mensagens, essas promessas passam a ser exigências das meninas para consigo mesmas. E elas sabem antecipadamente que não poderão ser tão belas, tão sedutoras e tão inteligentes. Tudo isso passa a influir na vida diária. Cerca de 93% delas, por exemplo, sentem stress e ansiedade quando estão se vestindo.


A psicoterapeuta inglesa Susie Orbach afirmou ao jornal The Independent que as jovens "são bombardeadas por milhões de imagens manipuladas digitalmente, com cuidados diários de beleza, e que isso pode, de fato, fazer baixar sua auto-estima". Pois essas telespectadoras sabem que nunca poderão se comparar ao que estão vendo nos anúncios. Daí a necessidade dos pais ajudarem suas filhas nessa luta por uma imagem e auto-estima condizente com valores que não sejam apenas os comerciais.

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