Quem tem Kroll tem medo

Por Glauco Fonseca* Há empresas que se preocupam permanentemente com sua imagem perante clientes, fornecedores, acionistas e o mercado de modo geral. Normalmente, elas …

Por Glauco Fonseca*
Há empresas que se preocupam permanentemente com sua imagem perante clientes, fornecedores, acionistas e o mercado de modo geral. Normalmente, elas mantêm um certo rigor no monitoramento de todo tipo de mídia, visando responder, com a máxima brevidade, todas as reclamações que são levantadas pelos consumidores via jornais, programas de rádio, sites e emissoras de televisão. Possuem ou equipes próprias para o auscultamento da mídia ou contratam assessorias especiais tanto para clipar quanto para atuar muitas vezes pro-ativamente, gerando pautas positivas ou simplesmente agindo nas redações, tentando fazer a notícia não fugir do controle da empresa.
Este tipo de relacionamento empresarial com a mídia se dá, prioritariamente, nas empresas que prestam serviços públicos ou derivados, com destaque para as empresas de telecom, correios e de fornecimento de energia elétrica. Pelo volume de relacionamentos e de interfaces que possuem diretamente com os consumidores, é natural que surjam centenas de problemas todos os dias, exigindo trabalho pontual e dedicado. Infelizmente, há momentos em que não é possível segurar a onda. Há momentos complicados, onde as equipes de monitoramento devem arrancar os cabelos, como o que deve estar ocorrendo com as empresas envolvidas no escândalo da semana: a briga entre as teles e a espionagem da Kroll que acabou, pra variar, cutucando alguns em Brasília.
Mas o assunto aqui não é política: é comunicação. E por saber que as equipes de monitoramento das empresas envolvidas certamente terão acesso ao que escrevo agora, desde já declaro que não se trata de desvalorizar o seu trabalho e sim, pelo contrário, valorizá-lo a ponto de dizer que, se dependesse delas (das equipes), a lama não seria jogada de forma tão vil nas marcas que elas passam dias e dias a proteger e enaltecer.
As empresas investem milhões em sua comunicação, contratam escritórios de design americanos e europeus que cobram inacreditáveis fortunas para criar suas marcas, agências de propaganda, assessorias de imprensa e toda uma troupe para gerenciar o grande ativo, a marca. Investem em redes, aplicações, serviços de valor agregado, suportam ações sociais e culturais em suas comunidades, tudo visando angariar e manter prestígio e uma boa reputação.
Aí vêm os donos, os próprios donos que, ao jogar cocô no ventilador, não o fazem sem antes apontar o ventilador em sua própria direção. E não faltarão gênios que dirão que o escândalo não respingará nas marcas das empresas nem nas pessoas envolvidas. Aliás, no Brasil, é bem possível que isto seja bem verdade.
Nosso medo é que, a partir de agora, o monitoramento da mídia encerre os bons resultados que sempre atuam tanto a favor das empresas quanto de seus clientes. Tomara que as pessoas envolvidas com o dia-a-dia da comunicação dessas empresas não percam o estímulo e continuem atentas, mesmo que tenham que, de vez em quando, fazer algumas horinhas extras para limpar as cacas dos grandes chefes.
* Glauco Fonseca é publicitário.
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