Saber Ouvir

Por Nádia Rebouças Esse título nasceu do convite do diretor regional Rio da Aberje, Paulo Henrique Soares, para realizar uma palestra e inspirou esse …

Por Nádia Rebouças

Esse título nasceu do convite do diretor regional Rio da Aberje, Paulo Henrique Soares, para realizar uma palestra e inspirou esse Boomerang.


Quando ainda em 1987 era diretora de contas da J.W.Thompson e depois como diretora de Planejamento, comecei a convencer meus clientes, ainda de forma intuitiva, a irem além do brief da diretoria de marketing e a me deixarem escutar alguns funcionários, especialmente as equipes de vendas. Eu não tinha idéia que ali estava nascendo uma metodologia, o Offplan.


Com o passar dos anos foram surgindo oportunidades para experimentar essa nova metodologia. Passei a ter a minha própria agência de publicidade e o Offplan se confirmou uma poderosa ferramenta para a transformação dos negócios, e virou a razão de ser do trabalho da Rebouças & Associados nos últimos seis anos e meio.


No início, ainda de forma tímida, eu propunha algo que, apesar de muito simples, gerava (e ainda gera) surpresa e alguns receios nos meus clientes. Poderia recordar mil exemplos daquela época, mas a situação vivenciada com o La Mole se destaca pela simplicidade das soluções encontradas. O tradicional Dia do Pendura, em 11 de agosto, nascido na Faculdade de São Francisco em São Paulo e popularizado nas faculdades de Direito, era o tormento a ser enfrentado pela rede de restaurantes. O pedido do cliente para a agência era para que criássemos alguma comunicação que mudasse essa realidade, o que se apresentava como uma ótima oportunidade para inventar anúncios e ganhar comissões com a mídia. Nós na Rebouças & Associados já estávamos construindo novos tempos e nossa proposta de trabalho foi realizar reuniões com garçons e gerentes das lojas tradicionais e um workshop, onde construímos todos os processos de uma nova comunicação. A solução encontrada era identificar antes os grupos potenciais para o grito do "Pendura!" e agir com um sistema de ofertas de produtos mais baratos ou um bolo para os grupos mais aguerridos. Era comemorar o pendura antes! Todas as idéias vieram da equipe e nós apenas trabalhamos utilizando nossa expertise de marketing e comunicação. No dia 12 de agosto comemoramos juntos os excelentes resultados. Nascia em mim uma certeza: as pessoas sabem como enfrentar as situações da vida ou das organizações, só não sabem que sabem.


Faz uma diferença fundamental nos colocarmos como vítimas ou como protagonistas. E a Rebouças & Associados se colocou como protagonista num uso mais criativo e transformador da Comunicação. Hoje não temos a menor dúvida de que as organizações têm nas suas rádios-corredor um planejamento que cria percepções e imagens, e que se não escutarmos as conversas nas organizações não seremos capazes de entender sua cultura, sua alma. Não seremos capazes de desmontar os raciocínios que impedem as transformações. A organização se transforma quando suas pessoas amadurecem e buscam de forma estruturada uma nova maneira de ser, quando o corpo que forma a organização consegue trabalhar o seu sentir e prioriza as novas formas de pensar. Então, de repente, quando percebemos já criamos uma nova marca para a organização.


Nossa metodologia também funciona para as comunidades e territórios. Poder falar torna os processos conscientes e nos torna capazes de agir sobre nós mesmos. A maior dificuldade é que nunca fomos ensinados a ouvir. As relações quase nunca são conversas de qualidade onde somos éticos, ou seja, capazes de perceber o outro. Por isso, sem medo de errar, a Rebouças & Associados recomenda que os profissionais de comunicação passem a exercitar seus sentidos: ouvir (saber perguntar), enxergar e sentir a energia circulante na organização Aí, a comunicação interna vai deixar de ser mais uma tarefa burocrática da organização e passar a ser uma ação em conjunto com as outras áreas, especialmente a área de recursos humanos (que teimo em achar que não é recursos humanos, mas potência humana) que será transformadora para a organização, e dará visibilidade para o acionista, já que oferece condições de dar valor às marcas.


Nós de comunicação, que descobrimos nosso próprio potencial, ainda estamos no começo da importância que ganharemos nas organizações da nova Era. E por que não dizer na sociedade do futuro com que todos sonhamos?

Comentários